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Comemorações irromperam em Gaza e em Israel com o anúncio de Trump no Truth Social de que um acordo de paz foi alcançado entre os negociadores israelenses e do Hamas no Egito. Essa comemoração é compreensível, especialmente para os moradores de Gaza que, até então, enfrentavam um futuro de morte certa por bombardeio ou fome. No entanto, precisamos dizer a verdade, por mais cruel que possa parecer.

Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, interveio para impor seu plano de paz de 20 pontos para pôr fim ao genocídio em Gaza. Agora, ele propõe que Gaza seja entregue a uma autoridade de transição liderada pelos EUA, presidida por ele mesmo, com a assistência do destruidor do Iraque, Tony Blair.

A interceptação da Flotilha Global Sumud por Israel desencadeou uma explosão de revolta em massa em todo o mundo, particularmente na Europa. Na Itália, isso levou não a uma, mas a duas greves gerais políticas pela Palestina. Isso representa a entrada decisiva em cena da poderosa classe trabalhadora italiana. Também na Espanha, milhões foram às ruas. Muitas centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de centenas de cidades por toda a Europa.

O que aconteceu na Itália, na sexta-feira 03 de outubro, tem pouquíssimos precedentes. Vejamos. Uma greve política.Uma greve geral política.Uma greve geral política de solidariedade internacionalista e contra o imperialismo.

Nos dias 26 e 27 de setembro, delegados de importantes sindicatos de estivadores da Europa e do Mediterrâneo se reuniram em Gênova para discutir ações conjuntas para deter o genocídio em Gaza. A reunião ocorreu em um momento em que, em toda a Europa, trabalhadores e jovens estão empenhados em uma luta aberta contra o massacre bárbaro do povo palestino e culpam suas próprias classes dominantes pela cumplicidade no genocídio.

A sexta-feira, 3 de outubro de 2025, será lembrada como um grande ponto de virada na luta de classes na Itália. É o dia em que milhões de pessoas participaram de uma greve geral em apoio ao povo palestino. A greve foi convocada conjuntamente pelo sindicato USB e pela CGIL, a maior confederação sindical da Itália, com seus cinco milhões de membros.

Por volta das 15h do dia 1º de outubro (18h GMT), as forças armadas israelenses interceptaram a Flotilha Global Sumud, composta por mais de 40 embarcações, que navegavam em direção a Gaza para romper o bloqueio naval e entregar ajuda humanitária. Na manhã de hoje, 2 de outubro, a maioria das embarcações havia sido tomada por Israel e seus tripulantes, centenas de pessoas, foram detidos ilegalmente e transportados para Israel. Entre os detidos estavam Greta Thunberg, a ex-prefeita de Barcelona, ​​Ada Colau, uma senadora irlandesa e muitas outras figuras políticas, sindicais e de movimentos de solidariedade, além de ativistas pró-Palestina.

O dia de ação marcado para 2 de outubro, convocado pelo comitê intersindical de líderes de confederações sindicais, provavelmente será massivo, como tantos dias de ação o foram nos últimos vinte anos. Durante o movimento de massas contra o aumento da idade de aposentadoria para 64 anos, de janeiro a junho de 2023, foram organizados quatorze dias de ação, alguns dos quais mobilizaram mais de 3 milhões de manifestantes. Macron, no entanto, não cedeu um milímetro: a contra reforma foi aprovada.

O que começou como um dia de protesto pacífico convocado pela juventude de Madagascar, na quinta-feira, 25 de setembro, terminou em repressão brutal, que resultou na morte de vários jovens pela polícia, em confrontos e tumultos. O governo decretou toque de recolher em todas as principais cidades, mas os protestos continuam.

Aquele que ri ainda não ouviu as más notícias.” – Berthold Brecht

A greve geral contra o genocídio em Gaza, em 22 de setembro, representou uma enorme explosão de raiva popular, com profundas implicações além das fronteiras da Itália. A ideia de que uma ação direta em massa é necessária para deter o ataque assassino de Israel contra os palestinos agora tem um papel predominante. Ao mesmo tempo, o protesto em massa italiano também pode ser visto como parte de um "Setembro Vermelho" de revoltas, revoluções e insurreições em massa em todo o mundo.