Por que Trump está marginalizando Netanyahu? Share TweetDois meses após Benjamin Netanyahu ter rompido o breve cessar-fogo, a situação em Gaza atingiu níveis catastróficos. Ajuda, medicamentos e itens essenciais se esgotaram devido ao bloqueio total imposto por Israel, e os bombardeios implacáveis das Forças de Defesa de Israel (FDI) foram retomados. Inúmeras organizações humanitárias alertaram que o bloqueio está prestes a matar dezenas de milhares de pessoas por meio de uma fome generalizada.[Source]Agora, a mobilização de 70 mil reservistas das FDI para uma nova ofensiva terrestre em Gaza – a Operação Carruagens de Gideão – está na pauta. O objetivo declarado de Netanyahu é a ocupação permanente da maior parte da Faixa de Gaza e o deslocamento forçado de 2 milhões de palestinos – primeiro para a parte mais ao sul de Gaza e, depois, para fora de sua terra natal. Isso equivale a nada menos que uma nova Nakba.Com essa escalada, Netanyahu está abertamente virando as costas à ideia da devolução dos reféns, efetivamente assinando suas sentenças de morte. Isso está alimentando um ódio fervoroso contra ele na sociedade israelense, onde 70% da população preferiria o fim da guerra se isso significasse o retorno dos reféns. Além disso, 87% dos israelenses acreditam que Netanyahu deveria assumir a responsabilidade pelos ataques de 7 de outubro, e 72,5% acreditam que ele deveria renunciar. À medida que os fios da sociedade israelense se desgastam sob a pressão desta guerra, Netanyahu tenta desesperadamente se agarrar ao poder, alinhando-se aos elementos mais extremistas do Knesset.A escalada militar ocorre em meio à deterioração das relações entre Israel e os EUA.Donald Trump continua a reiterar a ideia de transformar Gaza na “Riviera do Oriente Médio” – uma ideia que ele agora apelidou de “zona de liberdade” – expulsando os palestinos de Gaza para o Egito e a Jordânia. No entanto, ele agora também afirma que busca “o fim deste conflito brutal” – uma postura que contradiz a insistência de Netanyahu em levar a guerra até o fim. Enquanto isso, negociava diretamente com o Hamas a libertação do último refém americano, Edan Alexander, ignorando completamente Israel. Num momento em que Netanyahu está jogando os reféns restantes aos lobos, isso representa uma humilhação política.A situação chegou a um ponto tão crítico que Trump teria rompido todas as relações com Netanyahu. Para Netanyahu, que vem conduzindo intervenções militares em cinco frentes desde 7 de outubro de 2023, o cheque em branco que conseguia sacar dos EUA tem sido fundamental para toda a política que o manteve no poder.Mas Trump está sinalizando que não apostará todos os interesses do imperialismo americano na região em Israel, e agora está fechando uma miríade de acordos com outros regimes que excluem completamente Israel. Esta é uma mudança drástica na política externa dos EUA, que, antes da chegada de Trump, era de apoio quase ilimitado a Netanyahu.Trump exclui NetanyahuNuma semana em que Donald J. Trump percorreu o Golfo assinando grandes acordos com a Arábia Saudita, o Catar e os Emirados Árabes Unidos sobre comércio, petróleo e investimentos, Netanyahu parece ter sido completamente relegado a segundo plano.Trump fechou um acordo de US$ 1 trilhão com a Arábia Saudita, incluindo o enriquecimento de urânio para o programa nuclear civil saudita — um acordo que certamente causará alarme em Jerusalém. Tais acordos, especialmente aqueles relacionados a um potencial programa nuclear saudita, sempre estiveram condicionados à normalização das relações com Israel. Essa cláusula, no entanto, não estava mais presente em nenhum dos acordos da semana passada.Trump chegou até a concordar em suspender completamente as sanções contra o novo regime islâmico da Síria. Para Israel, isso representa mais um duro golpe. As FDI bombardearam sistematicamente instalações militares sírias desde a queda de Assad, expandindo sua zona operacional além das Colinas de Golã, em direção ao território sírio. Ao minar a estratégia de Israel de manter o regime de al-Jolani enfraquecido, essa ação fortalece os rivais turcos de Israel, que são os principais apoiadores dos novos governantes de Damasco.Toda essa vertiginosa série de acordos foi realizada completamente às escondidas de Netanyahu. Na sequência, houve um acordo negociado com os Houthis, no qual, mais uma vez, Israel foi mantido no escuro. Em troca da cessação dos ataques dos EUA ao Iêmen, os Houthis concordaram em interromper seus ataques às rotas marítimas do Mar Vermelho. O mais revelador é que o acordo não impôs nenhuma restrição aos ataques dos Houthis contra Israel, deixando Israel enfrentar essa ameaça sozinho. Esse acordo foi firmado apenas um dia após os Houthis atacarem com êxito o Aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv, levando muitas companhias aéreas internacionais a suspenderem seus voos para Israel durante semanas.Talvez o mais ameaçador para Netanyahu seja o fato de Trump estar envolvido na negociação de um acordo nuclear com o Irã, preparando-se para uma quinta rodada de negociações em Omã. A trégua com os Houthis serve como mais um gesto de boa vontade para Teerã, demonstrando o comprometimento de Trump em alcançar um acordo.Fiel ao seu estilo, a mensagem de Trump sobre o Irã permanece deliberadamente ambígua. No entanto, seu tratamento severo ao ex-assessor de segurança Mike Waltz diz muito. Waltz, supostamente, perseguia sua própria agenda agressiva — pressionando o governo Trump, em nome de Netanyahu e das autoridades israelenses, a realizar um ataque às instalações nucleares iranianas — apenas para ser rapidamente rebaixado. Embora Netanyahu afirme ter falado com Waltz apenas uma vez, Trump claramente não acreditou nessa explicação.As coisas se deterioraram a tal ponto que Netanyahu agora considera o impensável: que pode chegar o dia em que a assistência militar dos EUA será encerrada. Ele disse ao seu gabinete: “Acho que chegaremos a um ponto em que nos desvincularemos [da assistência militar dos EUA].”Tudo isso representa uma mudança brusca na política externa dos EUA. De apoiar Israel ao extremo — como Biden havia feito e como Trump parecia estar fazendo ao promover seu próprio plano de limpeza étnica em Gaza — Trump agora busca fechar acordos e encontrar outros pontos de apoio na região, em detrimento de Israel.O objetivo de TrumpQuando o plano de Trump para Gaza foi anunciado pela primeira vez no Salão Oval, a proposta deixou Netanyahu e seu gabinete de extrema-direita entusiasmados. Mas, embora Trump não tenha nenhuma oposição de princípios a Israel e à sua expansão contínua, ele tem seus próprios objetivos regionais, que não se alinham com o apoio incondicional a Netanyahu.Em última análise, o apoio de Trump é condicional, dependendo de sua capacidade de conduzir uma política mais ampla para o Oriente Médio, particularmente em relação ao Irã. Trump acredita firmemente que é o cachorro americano que deve abanar o rabo israelense, e não o contrário.É nesse contexto que devemos entender o repentino azedamento das relações entre Netanyahu e Trump. Longe de ser uma mera ruptura pessoal, esse desenvolvimento revela interesses estratégicos divergentes quanto aos futuros papéis de Israel e dos Estados Unidos no Oriente Médio.Donald Trump não é pacifista. Mas o Oriente Médio ocupa uma importância secundária em seus cálculos. Seus objetivos regionais concentram-se, sobretudo, em garantir acordos que evitem uma maior desestabilização, ao mesmo tempo que beneficiem os interesses econômicos dos EUA, permitindo-lhe focar nas prioridades domésticas e na China. Ele quer retirar as forças americanas do Oriente Médio, mas sem provocar ainda mais instabilidade. Isso é mais fácil dizer do que fazer. Além disso, ele está plenamente ciente de que a continuidade da guerra em Gaza está carregada de implicações revolucionárias — na Jordânia, nos Estados do Golfo, no Egito e em outros lugares.A ideia de Trump não nasce, é claro, de qualquer simpatia pelos palestinos, mas do reconhecimento de que o apoio ilimitado a um aliado cada vez mais imprudente e genocida arrastaria os EUA para outra aventura militar, como as guerras no Iraque ou no Afeganistão.Foram Trump e Steven Witkoff que, inicialmente, forçaram Netanyahu a aceitar um cessar-fogo em várias etapas, como forma de encerrar definitivamente a guerra de Israel. Embora o plano para o “dia seguinte” fosse tudo menos claro, não se pode negar que Trump via o fim da guerra em Gaza como uma prioridade.Netanyahu, no entanto, não podia pôr fim à guerra, pois isso significaria o fim de sua carreira política — e, muito possivelmente, sua própria ruína. Assim, ele aproveitou a primeira oportunidade para romper o cessar-fogo, logo após sua primeira fase.Isso atrapalhou os planos de Trump. Para ele, foi um sinal claro de que Netanyahu estava disposto a miná-lo em nome de sua sobrevivência política.O “plano para Gaza” de Trump — anunciado durante o cessar-fogo — foi, essencialmente, um gesto para Netanyahu, sinalizando que, embora apoiasse os objetivos sionistas de Israel, isso deveria ser feito nos termos dos Estados Unidos. Quando Netanyahu rompeu essa paz imperialista para manter sua aliança com seus parceiros de coalizão de extrema-direita, ele, indiretamente, comunicou a Trump que a sobrevivência de seu governo e a continuidade da guerra eram mais importantes do que os interesses dos EUA.Tal comportamento não agrada a Trump, especialmente vindo de alguém que se apresenta como o aliado mais próximo dos Estados Unidos. Um assessor sênior de Trump teria dito a Ron Dermer — o confidente mais próximo de Netanyahu — que a maior irritação do presidente é ser visto como ingênuo ou manipulado, e que Netanyahu estava fazendo exatamente isso.Quando Trump diz “América em Primeiro Lugar”, ele fala sério. Isso, inevitavelmente, torna a política linha-dura de Netanyahu — de “Israel Primeiro” (ou melhor, “Netanyahu Primeiro”) — uma fonte de atrito, potencialmente capaz de gerar uma crise total entre os EUA e Israel em torno de Gaza e do Irã.Amigos e inimigosO velho ditado diz que as nações não têm amigos nem inimigos permanentes, apenas interesses permanentes. Trump demonstrou essa verdade primeiro na Europa e, agora, até mesmo na “relação especial” entre os EUA e Israel.A trégua com os Houthis destaca o reconhecimento implícito de Trump de que o imperialismo americano não pode mais se dar ao luxo de policiar todos os conflitos globais. Com a dívida nacional dos EUA em disparada e o déficit federal se aprofundando, Trump considera esses compromissos indefinidos em frentes secundárias como fundamentalmente insustentáveis.Isso exemplifica sua abordagem de “minimizar as perdas”. Antes, a simples ideia de encerrar abruptamente operações militares — admitindo, na prática, uma derrota — para negociar com um dos principais aliados do Irã e adversário de Israel, teria sido impensável. Não é mais.Trump, em última análise, avaliou que a campanha foi um mau investimento, que não atingiu seus objetivos, drenando recursos financeiros e desperdiçando forças militares que poderiam ser mais bem empregadas na defesa do território americano e na dissuasão da China.Muito se fala sobre como Trump desmantelou a velha ordem mundial na Europa, mas o Oriente Médio também está passando por mudanças sísmicas no engajamento dos EUA. A política de Trump é o reconhecimento de que o imperialismo americano já não é uma potência hegemônica todo-poderosa. Ele foi forçado a aceitar essa realidade e a buscar acordos, inclusive às custas de seu principal aliado na região: com os sauditas, com os turcos e, acima de tudo, com o Irã — como antes, Obama também foi forçado a fazer com o acordo nuclear de 2015.Mas suas tentativas de livrar o imperialismo americano das contradições em que está enredado não conduzirão à estabilidade. Muito pelo contrário.Ao se opor frontalmente a essa guinada, Israel, que por muito tempo foi um ativo estratégico central, corre agora o risco de se tornar um obstáculo para Washington.A tentativa desesperada de NetanyahuMas Netanyahu não recuará facilmente. Seu objetivo, em parte, é se manter longe de qualquer processo judicial que uma pausa na campanha genocida poderia viabilizar. Mesmo antes de 7 de outubro, tanto o “Qatargate” quanto outros casos de corrupção eram fonte constante de preocupação, com potencial para derrubá-lo, e Israel já testemunhava grandes mobilizações em massa — com uma parcela significativa da classe dominante israelense se voltando contra ele.Seus esforços para enfiar de volta na garrafa o gênio da justiça ficaram evidentes quando ele rompeu o cessar-fogo poucas horas antes de uma audiência judicial crucial, criando assim uma justificativa para seu adiamento por tempo indefinido.Nos últimos meses, Netanyahu também entrou em confronto aberto com Ronen Bar, chefe da agência de segurança interna, o Shin Bet. Bar acusou publicamente Netanyahu de violar a lei ao ordenar que a agência espionasse e reprimisse protestos antigoverno, além de instruir que ele priorizasse obedecer diretamente ao primeiro-ministro, em detrimento das decisões da Suprema Corte israelense.Essa não é uma acusação menor — e revela como a guerra em Gaza, longe de unificar os poderes do Estado, está, na verdade, aprofundando as divisões entre diferentes setores da classe dominante. Isso, por sua vez, enfraquece o próprio regime israelense e prepara o terreno para crises políticas e sociais ainda maiores no futuro.Netanyahu percebeu claramente o risco de que as denúncias de Bar se tornassem o centro de um julgamento devastador e reagiu com força brutal. No fim, essa pressão forçou Bar a renunciar, neutralizando o impacto imediato das acusações antes que um processo formal pudesse ser instaurado.Simultaneamente, a sobrevivência política de Netanyahu depende do apoio da extrema direita, representada por figuras como o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir. Esses fanáticos encaram a realização final do projeto sionista — ou seja, a limpeza étnica dos palestinos e a ocupação permanente de Gaza e da Cisjordânia — como o único caminho aceitável para Israel.Embora Netanyahu não possa simplesmente ignorar Trump, ele mantém seu destino político atrelado a Ben-Gvir e Smotrich. A retomada da guerra em março não foi apenas uma manobra para se livrar dos seus problemas legais, mas também a única via possível para aprovar um novo orçamento no Knesset. Sem o apoio desses aliados mediante a reativação da guerra, o orçamento não teria sido aprovado, o parlamento seria automaticamente dissolvido e, com isso, teriam sido convocadas novas eleições — o fim político de Netanyahu.Dessa maneira, Ben-Gvir e Smotrich se tornaram verdadeiros fazedores de reis, e eles sabem disso. Agora, declaram abertamente na mídia israelense que o objetivo da guerra nunca foi — e jamais será — libertar os reféns, e sim conquistar Gaza. “Dentro de alguns meses… Gaza será completamente destruída”, declarou Smotrich recentemente. Quanto ao plano original de Trump para despovoar Gaza e forçar o êxodo de milhões de palestinos, Smotrich afirmou que o governo “não tem o direito de existir” se não levar esse plano até as últimas consequências.Netanyahu, por sua vez, está decidido a sabotar qualquer acordo envolvendo reféns que possa surgir das negociações estimuladas por Trump no Golfo. Antes de, relutantemente, enviar uma delegação israelense a Doha sob pressão de Trump, Netanyahu deixou claro que Israel não aceitará nada menos que o desarmamento total do Hamas e sua renúncia ao controle de Gaza.Em encontro com soldados feridos das Forças de Defesa de Israel na segunda-feira, Netanyahu teria dito: “Dentro de alguns dias, coisas acontecerão em Gaza… como vocês nunca viram antes”, e reiterou que Israel ocuparia Gaza “para sempre”.A trajetória do regime israelense é inequívoca: Netanyahu pretende ir até o fim em Gaza, custe o que custar. Isso não só aprofundará ainda mais o fosso entre Israel e os EUA, como também atiçará as chamas da crise dentro do próprio Israel.Líderes importantes das FDI já começam a expressar publicamente sérias dúvidas sobre a capacidade de Israel de sustentar mais uma extensão da guerra. Segundo estimativas internas, as FDI “se considerarão com sorte se 60% a 70% dos convocados se apresentarem”. Isso representa uma queda acentuada em comparação aos 120% de adesão no início da guerra — quando mais reservistas se voluntariaram do que o número originalmente convocado —, percentual que caiu para 80% no início deste ano e continua despencando.A guerra está agora corroendo o próprio capitalismo israelense. As tensões políticas, militares, econômicas e sociais estão em ebulição. E, com Netanyahu insistindo em prolongar o genocídio, as consequências de longo prazo para Israel não param de crescer. O fato é que esta guerra não resolveu absolutamente nada para a classe dominante sionista.Destruir o Hamas é um objetivo ilusório, algo que Netanyahu conhece bem, mas usa cinicamente para fortalecer seu próprio governo. Embora o Hamas tenha perdido muitos de seus líderes, a guerra radicalizou enormemente a juventude palestina, que está pronta para se unir à organização.Até as próprias exigências de Netanyahu deixam tacitamente clara a impossibilidade de derrotar o Hamas. Entre suas condições para qualquer cessar-fogo israelense está a exigência de que o Hamas revele quem são seus líderes. Ou seja, o Hamas foi decapitado e, até certo ponto, transformou-se em um movimento de resistência sem líderes — isto é, sem alvos claros para atacar.Israel está se tornando mais exposto e frágil, tanto internamente quanto no cenário mundial. O genocídio, em última análise, não fortaleceu Israel, mas o enfraqueceu. A classe dominante sionista sempre construiu seu apoio social no mito de que é capaz de “proteger” a população israelense. Longe de garantir segurança, está lançando a vida dos israelenses no caos. Estima-se que 100 mil israelenses desenvolveram doenças mentais como consequência da guerra.Com Trump conspirando para proteger seus próprios interesses em outros lugares, Netanyahu promove desesperadamente a ideia de que Israel pode sobreviver e prosperar como um Estado altamente militarizado em uma guerra sem fim. Mas a realidade demonstra o oposto, com a agressão e a violência abrindo caminho para um colapso desordenado da estabilidade interna em Israel.Até mesmo alguns altos escalões das Forças Armadas israelenses começam a temer como isso terminará para Israel. De acordo com um analista sênior de segurança, Amos Harel, falando no Haaretz Podcast, “muitos israelenses, e especialmente os altos comandos das FDI, estão realmente esperando que o presidente [Donald] Trump intervenha novamente e chegue a algum tipo de acordo”.Crise no horizonteTrump deixará o Golfo tendo fechado acordos no valor de centenas de bilhões de dólares com sauditas, emiradenses e catarianos. Mas o maior acordo de todos, a paz no Oriente Médio, lhe escapará.Netanyahu visa como objetivo a tomada completa de Gaza. Tal operação, em meio a uma fome crescente, colocaria mais uma vez o genocídio de Israel em evidência no cenário mundial. Novas e chocantes imagens de uma limpeza étnica acelerada, sob o fogo das FDI, não apenas pressionarão Trump, mas também poderão reacender o movimento palestino em todo o mundo.As mudanças nas relações globais e nos equilíbrios regionais não abrem um período de estabilidade no Oriente Médio. A lógica manipuladora de Trump, a guerra desesperada de Netanyahu e as tentativas dos governos capitalistas em todo o mundo de manter o status quo não resolverão os problemas do capitalismo. Em Gaza, as promessas de paz e “liberdade” de Trump não podem fazer os eventos retrocederem no tempo. Embora ele possa tentar pressionar Netanyahu com mais rigor, ou até mesmo ameaçar cortar a ajuda a Israel, não existe solução capitalista para a teia de contradições no Oriente Médio.