Palestina: a ameaça de uma segunda Nakba

O bombardeio brutal da Cidade de Gaza, com um enorme número de mortos – bem mais dos 11 mil oficialmente registrados até agora, com mais 3 mil desaparecidos – e a destruição maciça de infraestruturas, o bombardeio de hospitais, escolas, campos de refugiados, o ataque a ambulâncias e ao pessoal de serviços médicos, tudo isso realça a barbárie do ataque do exército israelense ao povo palestino.

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Enquanto o pesadelo continua na Faixa de Gaza, os palestinos que vivem na Cisjordânia assistem a ataques crescentes por parte de soldados e colonos israelenses. Isso já tinha começado antes de 7 de outubro, mas desde então intensificou-se enormemente, com perto de 200 palestinos mortos. Em algumas áreas, comunidades inteiras foram forçadas a deslocar-se sob ameaça de serem mortas.

Este conflito não é recente, mas tem profundas raízes históricas que remontam ao início do projeto sionista de construção de um Estado Judeu na Palestina Histórica. A única forma de se construir esse Estado em 1948 seria expulsando todo um povo da sua terra natal. Assim, foi cometido um crime contra o povo palestino, que está no centro de um conflito interétnico que permanece sem solução até hoje.

Os acontecimentos de 7 de outubro trouxeram mais uma vez a atenção do mundo para este conflito. Esses acontecimentos dramáticos, seguidos pelo massacre implacável e em curso do povo de Gaza, abriram um novo capítulo na terrível situação do povo palestino.

Esses eventos não são, no entanto, um relâmpago vindo de um céu azul claro. Devemos olhar, em particular, para a contínua expropriação dos palestinos que vivem na Cisjordânia ao longo de muitas décadas, tanto antes quanto depois dos Acordos de Oslo de 1993, que levaram à criação da Autoridade Palestina (AP).

Aumento do número dos assentamentos

Em junho deste ano, meses antes da atual escalada do conflito, o governo de Netanyahu – o mais direitista da história de Israel – intensificou significativamente o seu programa de expansão dos colonatos na Cisjordânia. Isto é, no próprio território da Autoridade Palestina, onde há décadas os palestinos esperavam poder alcançar o autogoverno como um passo inicial para um verdadeiro Estado. Essa esperança foi frustrada muitas vezes e agora se dá mais um passo para acabar com essa opção.

Só nos primeiros seis meses deste ano, o governo aprovou mais 7 mil novas unidades habitacionais na Cisjordânia. A alteração da lei em junho permitiu, no entanto, uma nova aceleração deste programa. Os números mais recentes indicam que o número de colonos israelenses em terras palestinas ocupadas já atingiu perto de 750 mil em 250 colonatos. Cerca de 250 mil colonos vivem em Jerusalém Oriental e os restantes estão espalhados pela Cisjordânia.

Cada assentamento é apoiado pela força esmagadora dos militares israelenses, as FDI. Eles são abastecidos com água abundante e serviços de primeira classe, e acessados através de uma rede de estradas exclusivas, isoladas por cercas de arame farpado. Isto destina-se a impedir ao máximo possível o acesso palestino a terras palestinas e a estrangular a subsistência dos palestinos nos territórios ocupados, preparando-se para novas apropriações de terras em torno dos colonatos existentes e para o estabelecimento de novos.

Netanyahu reuniu, para a sua própria preservação, uma coligação heterogênea da extrema-direita supremacista judaica. Isto inclui Bezalel Smotrich, o ministro das Finanças (que é responsável pela ocupação israelense da Cisjordânia), e Itamar Ben-Gvir, o ministro da Segurança Nacional, a quem foi recusado o serviço nas FDI devido às suas opiniões extremamente racistas. Ambos são expoentes proeminentes do movimento dos colonos. Estes indivíduos deixaram de ser racistas fanáticos e de extrema-direita, à margem da política israelense, e passaram a ocupar ministérios-chave no seio do governo de Netanyahu. O seu programa é provocar uma nova Nakba e expulsar os palestinos de todo o território da Palestina Histórica.

Todos os governos anteriores apoiaram os colonatos, que se expandiram enormemente desde a criação da Autoridade Palestina. Contudo, o atual governo está levando o confronto a um nível sem precedentes. Isso explica por que, em junho, Smotrich recebeu amplos poderes para contornar procedimentos há muito estabelecidos que regiam a concessão de licenças de construção. Com efeito, isso colocou o controle total da colonização ilegal da Cisjordânia nas mãos de um fanático. Não esqueçamos que este é o mesmo ministro, como foi registrado em Março deste ano, depois de os colonos terem invadido a aldeia palestina de Huwara, na Cisjordânia, matando uma pessoa e ferindo mais de 100, que disse que toda a “Huwara precisa ser exterminada.” E que o “Estado de Israel deveria fazer isso”.

Em junho, quando novos poderes foram concedidos a Smotrich, o Hamas alertou que isso apenas levaria a uma nova escalada de tensões. Olhando retrospectivamente, pode-se ver que a escrita estava na parede! Como salientou um artigo do Washington Post de 28 de fevereiro: “Com um novo governo de extrema-direita no poder, os colonos acreditam que finalmente chegou o momento de pressionar pela anexação de fato da terra que consideram ser o seu direito de nascença bíblico”.

No rescaldo do ataque de 7 de outubro produzido pelo Hamas no Sul de Israel, enquanto toda a atenção se concentrava no massacre em curso desencadeado por Israel contra a população civil de Gaza, os colonos na Cisjordânia intensificaram os seus ataques aldeia após aldeia, forçando os palestinos a abandonarem as suas terras e as suas casas. Eles são totalmente apoiados pelo exército e pelo governo israelenses. Após o ataque, Ben-Gvir anunciou imediatamente a distribuição de milhares de fuzis aos colonos. Mesmo antes de esta medida ser anunciada, milhares de colonos já estavam armados.

Os ataques perpetrados pelos colonos contra os palestinos na Cisjordânia mais do que duplicaram, passando de uma média diária de três para sete, tendo ocorrido um total de mais de 200 ataques deste tipo desde 7 de outubro. Só este ano (até 9 de novembro), 378 palestinos em toda a Cisjordânia foram mortos, principalmente pelos militares israelenses, e alguns deles por colonos, cujas ações são encaradas com total impunidade. Quase a metade daquele número, 170, foram mortos desde 7 de outubro.

Um artigo de 3 de novembro em Al Jazeera (“’Inseguro na sua própria casa’: colonos israelenses espalham o terror em South Hebron Hills”) dá uma ideia do que está acontecendo:

“Os colonos geralmente chegam à noite, destruindo caixas d’água, tubulações e sistemas elétricos; quebrando janelas e carros. O mais alarmante para os residentes de Khirbet Zanuta foi quando colonos armados começaram a entrar nas casas para espancar pastores palestinos. No dia 27 de outubro, os colonos disseram aos moradores que se não saíssem em 24 horas seriam mortos.”

O mesmo artigo continua explicando:

“De acordo com os últimos números fornecidos pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em suas siglas inglesas), pelo menos 864 palestinos, incluindo 333 crianças, foram deslocados à força como resultado de ataques de colonos israelenses neste período, com 11 comunidades totalmente deslocados e outras 11 comunidades, pelo menos parcialmente, transferidas à força. Quase metade dos pelo menos 186 incidentes violentos com colonos que resultaram em vítimas ou danos materiais ocorreram na presença ou com o apoio de forças israelenses. Os colonos usaram armas em quase um terço desses incidentes.”

Como explica outro artigo de Al Jazeera:

“’Os colonos têm cometido crimes na Cisjordânia ocupada muito antes de 7 de outubro. É como se, no entanto, tivessem recebido luz verde depois de 7 de outubro para cometer mais crimes’, disse Ghassan Daghlas, um funcionário da Autoridade Palestina que monitora a atividade dos colonos.

Em 28 de outubro, um agricultor palestino que colhia azeitonas foi morto a tiros por colonos na cidade ocupada de Nablus, na Cisjordânia. ‘Estamos agora na época da colheita da azeitona – as pessoas não conseguiram chegar a 60% das oliveiras na área de Nablus devido aos ataques dos colonos’, disse Daghlas.

A aldeia beduína de Wadi as-Seeq, na Cisjordânia ocupada, foi esvaziada dos seus 200 residentes em 12 de outubro, após ameaças de colonos.”

Em Jerusalém Oriental, temos uma expropriação sistemática de palestinos, que subitamente descobrem que as suas propriedades estão sendo cercadas por colonos judeus. Eles se veem obrigados a provar que são os proprietários face às “ordens de despejo” fornecidas “legalmente” pelos tribunais israelenses.

As chamadas “organizações de caridade” nos Estados Unidos têm fornecido financiamento que está sendo usado para transferir terras para mãos judaicas. Há vídeos que mostram judeus americanos tentando descaradamente expulsar palestinos das suas casas na presença de membros do Knesset (parlamento) e até de ministros do governo como Ben-Gvir.

O que aqui se descreve é a dissolução de comunidades inteiras e a sua expulsão – limpeza étnica – por vezes sob ameaça de morte.

Não há espaço para dois Estados no projeto sionista

Agora podemos perguntar: será tudo isto consequência dos ataques de 7 de outubro? Claramente não. Como vimos, o atual governo de Netanyahu é responsável pela aceleração e expansão do projeto dos colonos. Mas, repetimos, isto também não começou com este governo. A verdade é que o plano de anexar a Cisjordânia remonta a muitas décadas, na verdade, desde a própria fundação de Israel, quando os sionistas tinham ideias muito claras.

Para eles, o projeto sionista original não previa uma divisão da Palestina, com um território judeu e um território palestino. O seu objetivo era criar um Estado judeu em toda a Palestina apenas para judeus e remover os habitantes palestinos. Isto foi afirmado claramente pelas figuras fundadoras de Israel, em particular por David Ben-Gurion, que afirmou publicamente que via a aceitação da proposta de partição da ONU de 1947 como um mero passo tático para eventualmente tomar toda a Palestina.

Já em 1937, Ben-Gurion, falando ao Executivo Sionista, disse: “O debate não tem sido a favor ou contra a divisibilidade de Eretz Israel. Nenhum sionista pode renunciar à menor porção de Eretz Israel. O debate foi sobre qual dos dois caminhos levaria mais rapidamente ao objetivo comum. Após a formação de um grande exército na sequência do estabelecimento do Estado, aboliremos a divisão e nos expandiremos por toda a Palestina.” (Grifo meu. Citado em The Birth of Israel, de Simha Flapan, Nova York: Pantheon, 1987, página 22)

Não se pode acusar Ben-Gurion de ser ambíguo. Na altura, a classe dominante sionista era compelida pelo equilíbrio de forças (a pressão das grandes potências, o desejo de evitar uma guerra total com os países árabes vizinhos, o equilíbrio étnico ainda desfavorável, com os palestinos ainda formando a maioria ) a limitar-se a estabelecer o Estado de Israel apenas em uma parte da Palestina. Mas a sua intenção era clara: construir um poderoso aparelho de Estado, começando pelos militares, e depois preparar-se para tomar o resto.

A classe dominante sionista de Israel nunca teve qualquer intenção de ceder à “solução de dois Estados” defendida por alguns enquanto Israel estava sendo criado. Em vez disso, em 1947, fizeram um acordo secreto com Abdullah I, então Rei da Jordânia, no qual este concordou em não atacar o território israelense em troca de ser tacitamente autorizado a anexar a Cisjordânia à Jordânia. Isso explica por que Abdullah I foi assassinado por um nacionalista palestino em 1951 como retribuição pela sua traição à causa palestina na Nakba.

E foi assim que as coisas aconteceram quando a guerra eclodiu em 1948. De acordo com o pensamento da classe dominante sionista, isto era melhor do que ver um Estado palestino independente estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Com efeito, deixaram a Cisjordânia sob a gestão jordaniana até estarem em condições de ir à ofensiva e tomá-la militarmente.

Na guerra de 1948, os israelenses conquistaram mais território do que o plano de partilha da ONU previra. Realizaram ataques contra palestinos, assassinando milhares de pessoas, aterrorizando-as e forçando-as a fugir às centenas de milhares (750 mil foram deslocados permanentemente em 1948, de acordo com a agência de refugiados da ONU), criando o problema dos refugiados que permanece sem solução até hoje. As grandes potências reconheceram então as novas fronteiras que Israel tinha conquistado com armas nas mãos.

A ONU aprovou então a resolução 194 (de 1948), uma das muitas que estavam destinadas a ser completamente ignoradas por Israel. A resolução afirmava que: “…os refugiados que desejam regressar às suas casas e viver em paz com os seus vizinhos devem ser autorizados a fazê-lo o mais cedo possível…”

A aceitação do pedido de Israel de fazer parte da ONU dependeu em parte do seu acordo em aplicar esta resolução. Israel concordou formalmente, mas uma vez admitido na ONU, prontamente renegou esta posição. Como afirmou Ben-Gurion: “O seu regresso deve ser evitado… a todo o custo”.

Pouco depois, em 1950, Israel aprovou uma “Lei do Retorno” muito diferente, que permitiu que todos os judeus de todo o mundo se estabelecessem em Israel como cidadãos. Assim começou a política de imigração para Israel de um grande número de judeus de outros países. Isto foi exigido pelos sionistas para alterar massivamente o equilíbrio étnico e fornecer os grandes números necessários para colonizar as terras que tinham sido conquistadas na guerra. Em meados de 1951, cerca de 650 mil judeus imigraram para Israel da Alemanha/Áustria (50 mil), da Europa Oriental (200 mil), dos países islâmicos vizinhos (250 mil) e de outras partes do mundo.

Demorou algum tempo para assimilar esta onda de migrantes. Cerca de 200 mil ocuparam casas deixadas vazias pelos palestinos em fuga, mas também havia cerca de 100 mil vivendo em tendas. Os judeus orientais (Mizrahi) enfrentaram o desemprego e a pobreza, vivendo na miséria, a tal ponto que aqueles que podiam deixar Israel o fizeram. Mas, gradualmente, a infraestrutura foi construída e Israel consolidou-se como um Estado sólido, com forças armadas poderosas.

Os anos imediatamente após a criação de Israel testemunharam constantes escaramuças, bombardeios, invasões de território vizinho e a matança de muitos árabes. Segundo a ONU, ocorreram mais de 17 ataques militares israelenses em território egípcio entre 1949 e 1956, bem como várias outras ações semelhantes em outros países vizinhos. Em 1956, durante a crise do Canal de Suez, Israel ocupou a península do Sinai, mas mais tarde foi forçado a retirar-se.

O historiador israelense Avi Shlaim aponta qual era o pensamento dos sionistas linha-dura no seu livro Conluio através do Jordão. Moshe Dayan foi um desses radicais, um líder militar muito sintonizado com o pensamento de Ben-Gurion. Ele “desenvolveu a teoria de que a Guerra da Independência [de 1948] ainda não havia terminado e que várias outras operações em grande escala seriam necessárias para levá-la a uma conclusão mais favorável. Várias propostas foram apresentadas por Dayan para a captura da Faixa de Gaza, do Monte Hebron e da Cisjordânia…” (Conluio através do Jordão, por Avi Shlaim, Nova Iorque: Columbia University Press, 1988)

Seguindo esta política, o governo aumentou enormemente os gastos militares. Entre 1952 e 1966, o orçamento militar cresceu 16 vezes, atingindo a incrível cifra de mais de um terço do produto nacional bruto. Eles estavam claramente preparando um exército muito poderoso, pronto para guerras futuras.

A partir daqui podemos avançar para 1967 e para a infame Guerra dos Seis Dias, que se desenrolou entre 5 e 10 de junho daquele ano. Israel emergiu dos seis dias de combates com o controle das Colinas de Golã (parte da Síria), da Península do Sinai (parte do Egito), da Faixa de Gaza até então ocupada pelos Egípcios, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental.

No processo, mais cerca de 300 mil palestinos foram removidos da Cisjordânia. Toda a faixa ocidental do Vale do Jordão foi quase esvaziada. Posteriormente, o Sinai foi devolvido ao Egito, mas Israel permaneceu como força de ocupação nos outros territórios que havia tomado. Os planos de longo prazo de Ben-Gurion estavam finalmente sendo postos em prática.

Foi depois destes acontecimentos que começou a colonização gradual destes territórios com o estabelecimento de assentamentos judaicos. A classe dominante sionista colocou a questão de saber se deveriam simplesmente anexar estes territórios completamente a Israel propriamente dito. Mas havia um problema com isto: fazê-lo significaria triplicar, de uma só vez, o número de árabes palestinos que vivem dentro das fronteiras de Israel como cidadãos. Havia também o problema adicional de a taxa de natalidade entre os palestinos ser mais elevada do que a dos judeus em Israel e, portanto, arriscavam-se a um cenário em que os palestinos poderiam emergir como a maioria da população em um determinado momento.

Isto explica a política que adotaram desde então. Ao não anexarem formalmente os territórios, os palestinos permanecem “estrangeiros” na sua própria terra, sujeitos a uma administração “civil-militar” e a um regime de lei marcial, enquanto os colonos judeus, embora vivam fora das fronteiras internacionalmente reconhecidas de Israel, são tratados como cidadãos israelenses que podem votar nas eleições de Israel e têm todos os direitos de cidadania. O plano dos sionistas linha-dura era claro: retirar gradualmente cada vez mais terras aos palestinos, deslocá-los e, eventualmente, encontrar uma forma de os remover completamente.

Como tudo isso seria alcançado? Ir simplesmente à guerra e expulsar fisicamente todos os palestinos de uma só vez seria uma enorme provocação para todos os povos árabes do Oriente Médio e também provocaria repulsa e raiva muito além da própria região. Melhor adotar uma abordagem mais gradual – o que, na verdade, equivale a uma segunda Nakba (“catástrofe” em árabe, mas em câmara lenta, referindo-se à expulsão em massa inicial de 1948).

Em setembro de 1967, o primeiro assentamento foi construído em Hebron. Nos primeiros anos da ocupação israelense, contudo, houve relativamente pouca resistência civil. O clima começou a mudar significativamente entre os palestinos no final da década de 1970 e no início da década de 1980, quando, nessa altura, Israel tinha começado a intensificar massivamente o seu programa de colonatos. Isto foi acompanhado por requisições de terras e expropriação de prédios aos seus proprietários palestinos, muitos dos quais fugiram durante os combates em 1948 ou mais tarde durante a guerra de 1967.

Um ponto de virada fundamental nesta situação ocorreu com as eleições de maio de 1977, nas quais o partido Likud, liderado por Menachem Begin, venceu por uma votação esmagadora, tornando-se o maior partido no Knesset, embora sem maioria absoluta. Foi durante a administração de Begin (1977-83), que o número de colonatos judaicos em territórios ocupados, até então limitado a alguns milhares, começou a aumentar significativamente.

A fim de justificar legalmente o que equivalia a um roubo flagrante de terras palestinas, o governo de Israel reivindicou o direito de administrar as terras na Cisjordânia que não eram cultivadas ou não tinham proprietário legal presente. Dependendo dos critérios utilizados, isto significava que qualquer coisa entre 30 e 70% das terras na Cisjordânia poderia ser tomada por Israel.

Isto deixou perfeitamente claro que as autoridades israelenses estavam trabalhando no sentido de uma anexação de fato dos territórios palestinos. Menachem Begin fez uma viagem pela Cisjordânia em fevereiro de 1981, visitando os primeiros assentamentos. Naquela época, os assentamentos na Cisjordânia somavam 72, com cerca de 20 mil colonos, acima dos 3,2 mil quando ele foi eleito pela primeira vez, quatro anos antes. No local do assentamento original e simbólico de Elon Moreh, ele prometeu que “haverá muito mais Elon Morehs”.

O general Ariel Sharon, então ministro da Agricultura, foi o principal arquiteto do programa de colonização do governo Begin. E ele foi muito claro sobre o que o governo estava fazendo. Estas são as suas palavras, conforme noticiadas no New York Times em 19 de fevereiro de 1981:

“Israel não permitirá o estabelecimento de um Estado palestino na Samaria, na Judéia e no distrito de Gaza. Acredito que conseguimos evitar a possibilidade de um Estado palestino; um segundo estado palestino, depois da Jordânia.” (Observe-se como ele sequer conseguiu usar o nome Cisjordânia, e que usou os nomes bíblicos para as regiões que hoje cobrem aquela terra.)

O mesmo artigo explicava que Israel tinha planos para estabelecer três categorias diferentes de propriedade de terras na Cisjordânia: “…propriedade privada, que estaria sob a autoridade palestina local; a propriedade pública, sem designação de uso, a ser administrada conjuntamente por Israel e pelos palestinos, e a propriedade estatal para fins militares ou de assentamentos, cuja disposição estaria exclusivamente em mãos israelenses”. Isto é extremamente significativo, porque se tornaria a base para a forma como a futura Autoridade Palestina seria dividida em três áreas diferentes.

As autoridades israelenses precisavam de algum tipo de cobertura legal para o que equivalia ao roubo de propriedade palestina. Podem ter sido reacionários pró-capitalistas fanáticos, defendendo os princípios da propriedade e da propriedade privada, mas quando se tratava da propriedade dos palestinos, convenientemente esqueceram estes princípios.

Isto não quer dizer que as leis não tenham sido aprovadas para dar uma aparência de justificação legal para a pilhagem das terras palestinas. Em 1950, Israel já tinha adotado a “Lei da Propriedade Ausente”, que estabelecia a perda de direitos de propriedade para antigos proprietários que já não estivessem presentes. O fato de estarem “ausentes” e não poderem regressar, mesmo que o desejassem, porque tinham sido brutalmente expulsos e impedidos de regressar, foi, mais uma vez, convenientemente ignorado.

Esta lei foi aplicada, por exemplo, ao longo do Vale do Jordão. Consideradas de importância estratégica, os comandantes militares israelenses poderiam declarar extensões de terra como pertencentes a “áreas fechadas”. Isto impediu mesmo os palestinos que não estavam “ausentes”, mas sim deslocados internamente em Israel, de regressarem às suas terras ou de as cultivarem. A terra seria então deixada o tempo suficiente para ser declarada “não cultivada”, o que permitiria que fosse classificada como “terra estatal”.

Uma vez realizado este pequeno truque e quando o Estado israelense tivesse tomado a terra, esta poderia ser entregue aos colonos judeus. De fato, Israel declarou cerca de 26% da Cisjordânia como “terra estatal”, onde é permitida a construção de colonatos.

Um estudo completo de como tais brechas e subterfúgios legais foram usados para adquirir cada vez mais terras que anteriormente pertenciam aos palestinos está disponível em um artigo produzido para um seminário da ONU em 1981 sobre a questão, Assentamentos Israelenses em Terras Árabes Ocupadas: da Conquista à Colônia, por Janet Abu-Lughod. O jornal cita planos elaborados por figuras sionistas próximas do partido no poder.

Esses planos são notáveis pela proximidade com que correspondem ao desenvolvimento sucessivo dos acontecimentos. Eles discutem abertamente “o povoamento em toda a terra de Israel”, incluindo “Samaria e Judeia”. Discutem “o confisco de terras agrícolas e o cerco de pastagens comunais, e através da apropriação do escasso abastecimento de água, sem os quais a terra não tem valor”.

E ela cita o livro de William Wilson Harris, Taking Root: Israel Settlement in the West Bank, the Golan and Gaza-Sinai, 1967-1980, que previu:

“No longo prazo, a comunidade árabe seria dividida em blocos isolados, separados uns dos outros pelas linhas de Sharon [principais rodovias que conectam os assentamentos], da Judéia por um anel externo judaico ao redor de Jerusalém e do exterior pelo pré-existente Jordan Rift. Em uma Cisjordânia segmentada desta forma, seria difícil imaginar como possibilidade prática qualquer autogoverno genuíno para além do nível municipal.”

Mais uma vez, foi precisamente isto que foi feito à Cisjordânia nos anos seguintes, e continua a ser feito sob a Autoridade Palestina desde 1993.

Permanecia o problema do que deveria ser feito com os palestinos depois de terem sido expropriados, e o que deveria ser feito com aqueles que ainda possuíam explorações agrícolas. A resposta foi encontrada no que Abu-Lughod descreveu como “estrangulamento econômico”.

Um pilar central desta política envolvia a privação dos palestinos de água para irrigação. O acesso ao abastecimento de água exigia uma licença, direitos de arrendamento etc., que precisavam ser renovados e poderiam facilmente ser recusados pelas autoridades israelenses. Por outro lado, sempre que um assentamento judaico solicitava os mesmos direitos, estes eram imediatamente concedidos.

O objetivo de tudo isto era, obviamente, forçar um número crescente de palestinos a emigrar para sobreviver, explorando ao mesmo tempo o restante deles como fonte de mão-de-obra barata. De fato, no período pós-1967 vemos muitos jovens palestinos procurando uma solução individual através da emigração, que se tornou um fenômeno generalizado ao longo das décadas de 1970 e 1980. Um inquérito realizado em 1999 pelo Instituto de Estudos da Mulher da Universidade de Birzeit revelou que 49% dos inquiridos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza tinham pelo menos um membro da família trabalhando no estrangeiro.

Nada disto, porém, foi suficiente para afastar a massa da população palestina, que continuou a crescer. Harris (citado acima), concluiu em 1980 que as autoridades israelenses esperavam que “…a tendência desfavorável no equilíbrio demográfico interno fosse compensada pela emigração acelerada da Cisjordânia, talvez acentuada por outra rodada de hostilidades”. [Minha ênfase]

Ele acrescenta estas palavras ameaçadoras:

“Em uma tal rodada de hostilidades, tornada mais do que menos provável pelos recentes cessar-fogo, os palestinos na Cisjordânia provavelmente suportarão o peso, uma vez que, sob o disfarce de tais hostilidades, será sem dúvida feita uma tentativa de os expulsar definitivamente de suas casas. Neste cenário, o verdadeiro significado dos 127 assentamentos judaicos atualmente existentes ou em construção nas áreas ocupadas tornar-se-á tragicamente claro. Eles constituirão os fortes armados, colocados dentro e ao redor de áreas de concentração palestina, que serão usados para ajudar a subjugar a resistência e conduzir mais refugiados palestinos para a próxima linha de cessar-fogo na busca expansionista de Israel por Eretz Israel.” [Minha ênfase]

Naquela época, Binyamin Netanyahu era um jovem, mas as palavras que proferiu em um jantar em Jerusalém em 1977 (recontadas por Max Hastings no The Guardian em 9 de Maio de 2009) indicam que esta ideia de explorar guerras futuras para expulsar mais palestinos tem sido um fio que atravessa toda a história de Israel desde a sua fundação:

“Ouvi um jovem israelense falar sobre os árabes em termos que me fizeram gelar o sangue. “Na próxima guerra”, disse ele, “teremos de tirar os palestinos da Cisjordânia para sempre”. (…) aquele jovem israelense que ouvi falando entusiasmado em esvaziar a Cisjordânia dos árabes era Binyamin Netanyahu, hoje primeiro-ministro do seu país.”

A farsa da Autoridade Palestina

O que é surpreendente em tudo isto é que mostra muito claramente quais têm sido os planos da classe dominante sionista desde o início. Nunca tiveram qualquer intenção de permitir uma “solução de dois Estados”.

Era inevitável, no entanto, que esta pressão constante sobre os palestinos levasse a repetidas e crescentes explosões de protesto por parte do povo palestino, que acabariam por se cristalizar na Primeira Intifada de 1987. Esta foi uma revolta em massa de todo o povo palestino, com a juventude na vanguarda, expressando o seu imenso potencial revolucionário.

Esse movimento foi tão poderoso que acabou por forçar a classe dominante sionista de Israel a sentar-se à mesa de negociações, resultando nos Acordos de Oslo de 1993 e na criação da Autoridade Palestina. No entanto, as concessões concedidas por Yasser Arafat e pela liderança da OLP foram tais que o tipo de administração que emergiu na Cisjordânia a partir destes acordos foi praticamente fotocopiada dos planos de Sharon de 1981 para dividir o território.

Esta foi a primeira vez que Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) se reconheceram formalmente. Naquela altura, muitos acreditavam que este era um passo na direção de um Estado palestino genuinamente independente. Os marxistas, no entanto, não se deixaram enganar. Na edição do verão de 1988 da Militant International Review (número 37), um artigo foi publicado sob o título “Revolta na Cisjordânia – As massas intervêm”. Isto ocorreu vários anos antes da assinatura dos Acordos de Oslo e explicou por que razão as “conversações de paz” entre a OLP e o governo israelense não levariam ao fim da ocupação:

“…estas ideias ignoram os obstáculos fundamentais a uma pátria palestina, decorrentes dos interesses de classe de quaisquer prováveis participantes em uma tal conferência, principalmente dos EUA, Israel e Jordânia. A sua preocupação primordial não é e nunca poderá ser os interesses dos trabalhadores palestinos. Eles estão preocupados apenas com os interesses das suas próprias classes dominantes. A sua principal preocupação é a estabilidade política da região e a manutenção do sistema que garanta a sua renda, juros e lucro.”

E explicava que: “…um Estado palestino, correspondendo aproximadamente à área da Cisjordânia e de Gaza, seria completamente inviável com base no capitalismo porque a economia não poderia fornecer as necessidades básicas de vida à população…”

Estas foram palavras verdadeiramente proféticas, pois a Autoridade Palestina que emergiu dos Acordos de Oslo revelou-se uma farsa total. Incluía o plano de Sharon de 1981, que era claramente um plano para fragmentar o território palestino, exatamente o oposto daquilo que as massas aspiravam.

A Cisjordânia foi dividida em três zonas, Áreas A, B e C. A Área A ficaria sob o governo palestino e a segurança estaria totalmente nas mãos da Autoridade Palestina. Isso cobria 18% do território. A Área B deveria ter o governo palestino, mas o controle de segurança israelense, e cobriria 22% do território. Os 60% restantes ficariam sob total controle israelense. E tudo isto é atravessado por um sistema de “viadutos”: estradas que contornam as aldeias palestinas. A maioria das terras agrícolas, recursos hídricos e minerais também estão situados na Área C.

Tudo isto foi acordado por ambos os lados nos Acordos de Oslo. Isto foi uma traição ao povo palestino desde o início. Os acordos não estabeleceram uma terra contínua para os palestinos e deixaram a maior parte do território aberta a novos colonatos. A única concessão feita muito mais tarde pelo lado israelense foi a retirada de 8,5 mil colonos de Gaza em 2005 – colonatos que eram inviáveis. Em vez disso, concentraram-se simplesmente na Cisjordânia.

Na sequência de 1993, o que temos visto não é um movimento em direção a um verdadeiro Estado palestino, mas exatamente o oposto. Israel apenas usou o Acordo de Oslo para pacificar o povo palestino, usando os palestinos para policiar os palestinos, enquanto prosseguia com a expansão dos colonatos ilegais. Calculou-se que cerca de 40% das terras da Cisjordânia são atualmente controladas por colonatos.

O plano de colonização é fundamental para a estratégia de Israel de tomar toda a Palestina Histórica. Mas quem são as pessoas que estão se mudando para os assentamentos? Existem diferentes camadas. Alguns são judeus ultraortodoxos que se mudaram por motivos religiosos, e que acredita-se representarem cerca de um terço de todos os colonos. Estes elementos acreditam literalmente que Israel é a Terra Prometida que Deus lhes deu, e que deveria ser restaurada ao povo judeu. Entre estes estão os sionistas mais fanáticos, preparados para arriscar tudo pelo que consideram a missão sagrada de recriar o antigo Estado de Israel. Estão armados e organizam ataques físicos à população palestina.

Outros são atraídos pelos incentivos econômicos oferecidos pelo governo. Não encontrando um número suficiente de tipos ultraortodoxos, o governo de Israel lançou há muito tempo uma campanha para atrair judeus de outros países, enfatizando a “qualidade de vida”. Esta é, de fato, a principal força motriz no aumento do número de colonos.

O governo de Israel investe mais, proporcionalmente, na população judaica da Cisjordânia do que nas pessoas que vivem dentro das fronteiras legalmente reconhecidas de Israel. As escolas lá recebem melhor financiamento. Um terço de todas as habitações subsidiadas está nos assentamentos, embora menos de 10% da população esteja ali situada. Existe até um programa de hipotecas subsidiadas para os colonos. Em 2016, em média, o governo gastou com cada colono na Cisjordânia o dobro do montante que gastou com o israelense médio.

O plano é claramente continuar trazendo cada vez mais colonos e expulsar os palestinos da Cisjordânia.

Os sionistas de extrema-direita não têm escrúpulos em afirmar abertamente que os palestinos deveriam ser simplesmente expulsos. Dois membros do Knesset, Danny Danon do Likud, e Ram Ben Barak do partido de oposição Yesh Atid, escreveram recentemente um artigo para o Wall Street Journal, “O Ocidente deveria acolher os refugiados de Gaza”, (13 de novembro). O título diz tudo! Eles afirmam o seguinte:

“…países ao redor do mundo deveriam oferecer um refúgio para os residentes de Gaza que buscam realocação. Os países podem conseguir isso criando programas de realocação bem estruturados e coordenados internacionalmente. Os membros da comunidade internacional podem colaborar para fornecer pacotes únicos de apoio financeiro aos habitantes de Gaza interessados em mudar-se para ajudar com os custos de relocalização e para facilitar a aclimatação dos refugiados às suas novas comunidades.”

Acrescentam que: “Mesmo que os países acolhessem apenas 10 mil pessoas cada, isso ajudaria a aliviar a crise”. E concluem que:

“A comunidade internacional tem um imperativo moral – e uma oportunidade – de demonstrar compaixão, ajudar o povo de Gaza a avançar em direção a um futuro mais próspero e trabalhar em conjunto para alcançar maior paz e estabilidade no Oriente Médio.”

Estes dois indivíduos são figuras políticas importantes em Israel. Danny Danon serviu como embaixador na ONU em 2015-20, enquanto Ram Ben Barak serviu como vice-diretor do Mossad em 2009-11. Obviamente refletem o pensamento de uma camada importante da classe dominante sionista. Eles disfarçam a sua declaração por trás de palavras como “imperativo moral” e “compaixão”, mas o que sugerem é uma limpeza étnica massiva de Gaza, usando a barbárie atual como desculpa para outros países acomodarem refugiados.

Estes dois “cavalheiros”, no entanto, parecem pacifistas moderados em comparação com outros, como o ministro do Patrimônio, Amichai Eliyahu, membro do partido de extrema-direita Otzma Yehudit, que afirmou que uma opção seria lançar uma bomba nuclear sobre a Faixa de Gaza. Ele parece não se preocupar com as implicações para os seus concidadãos israelenses que vivem do outro lado da cerca! (Ver Ministro da extrema-direita: Bombardear Gaza é uma opção, a população deveria “ir para a Irlanda ou para os desertos”, no Times of Israel, 5 de Novembro)

Todas estas declarações mostram que a expulsão dos palestinos de Gaza está sendo considerada por pelo menos alguns setores da classe dominante sionista.

Como vimos muitas vezes no passado, a guerra sempre foi aproveitada por Israel como uma oportunidade para expulsar mais palestinos das suas terras. Isto foi feito na guerra de 1948 e novamente em 1967. O que está acontecendo hoje em Gaza enquadra-se muito bem neste plano global. Estão destruindo sistematicamente todas as infraestruturas que permitem um mínimo de existência civilizada.

Toda a operação militar “para destruir o Hamas” visa reduzir Gaza a escombros: eletricidade, abastecimento de água, esgotos, padarias, escolas, hospitais. Nada escapa à ira de Israel. De acordo com a análise de imagens de satélite, aparentemente até um terço dos edifícios de Gaza foram total ou parcialmente destruídos.

O objetivo é claro: fazer da Cidade de Gaza um lugar para onde os deslocados de Gaza não possam regressar. Também bombardearam a metade sul da Faixa de Gaza. A desculpa para tudo isto é que estão em guerra com o Hamas, mas na realidade é uma guerra contra todo o povo palestino. O objetivo só pode ser forçá-los a procurar refúgio em outro local.

Tudo o que Israel está fazendo visa tornar o regresso dos deslocados extremamente difícil, se não impossível. A deslocação interna de palestinos a sul do Wadi de Gaza está tornando insuportáveis as condições de vida dos 2,3 milhões de habitantes palestinos de Gaza e provocando uma crise humanitária sem precedentes. A aposta de Israel é que o Egipto será forçado a abrir as portas da passagem de Rafah a uma massa de refugiados de Gaza no Sinai.

Entretanto, os fanáticos colonos sionistas estão incendiando a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, visando uma “Nova Nakba”, enquanto cantam e pilham as aldeias e bairros palestinos.

Os estrategistas sionistas mais sérios compreendem a possibilidade de um movimento insurrecional, de uma nova Intifada, desenvolver-se na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e espalhar-se como fogo pela Jordânia, pelo Egito e por todos os regimes árabes reacionários que supervisionam o desastre iminente, sem intervir. Eles veem isto, com razão, como uma séria ameaça para Israel.

A situação enquadra-se muito bem nos planos que os sionistas tinham há muitas décadas de remover toda a população palestina, e as guerras sempre foram utilizadas para este objetivo. Contudo, estes planos tornam-se mais claros à medida que o massacre em Gaza se desenrola. Isto já está provocando uma reação massiva.

É este o pesadelo que o povo palestino enfrenta. É um crime de proporções históricas que se comete diante dos olhos do mundo. Neste crime, todas as classes dominantes dos principais países imperialistas, os norte-americanos, os europeus e outros, estão de um lado: o da classe dominante sionista de Israel. Isto expõe a hipocrisia da sua condenação dos crimes de guerra russos na guerra da Ucrânia, ao mesmo tempo em que fecham os olhos ante Israel, que leva a cabo retaliações massivas e mata milhares de crianças e mulheres.

A vitimização de toda a população civil de Gaza nada mais é do que um castigo coletivo. A fétida hipocrisia dos dois pesos e duas medidas do imperialismo norte-americano e dos seus aliados no Ocidente está minando a poderosa máquina de propaganda colocada em movimento em apoio a Israel. Os trabalhadores e a juventude no Ocidente estão comparecendo em números cada vez maiores para expressar a sua solidariedade e apoio aos palestinos. Uma clara divisão de classes está sendo expressa sobre esta questão em todo o mundo, e especialmente nas nações imperialistas ocidentais que apoiaram Israel ao máximo.

As autoridades proíbem as manifestações pró-Palestina ou tentam criminalizá-las. Mas isso não está detendo o movimento. Isto acontece porque a massa da população trabalhadora em todos os países compreende instintivamente de que lado deve ficar. O direito dos palestinos a uma pátria tornou-se um ponto focal para a luta de classes a nível internacional.

Pela nossa parte, os comunistas defendem a liberdade e uma existência digna para o povo palestino. Temos o dever de lutar contra as nossas próprias classes dominantes imperialistas, onde quer que estejamos, e apelar ao movimento dos trabalhadores para que use o seu poder coletivo para isolar e minar a máquina de guerra israelense. Em última análise, uma Palestina livre só pode ser garantida através da Intifada: uma revolta revolucionária em massa, varrendo os regimes opressivos não só em Israel-Palestina, mas em todo o Oriente Médio, para que todos os povos da região possam viver em paz.

Nós dizemos:

  • Acabem com a ocupação!
  • Por um boicote dos trabalhadores à guerra de Israel!
  • Abaixo a intromissão imperialista!
  • Por uma revolta revolucionária em todo o Oriente Médio!
  • Por uma Federação Socialista da Palestina como parte de uma Federação Socialista do Oriente Médio!
  • Intifada até a vitória!

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