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O discurso do primeiro-ministro Edouard Philippe, ontem (11/12), veio dar fim a mais de 18 meses de “discussões” e “consultas” com a liderança sindical. Centenas de horas de reuniões produziram este resultado “edificante”: o governo anunciou exatamente o mesmo projeto de reforma, como se as “consultas” e as “discussões” não tivessem ocorrido.

Pela terceira semana consecutiva, trabalhadores franceses de dezenas de profissões (maquinistas de trens, professores, médicos, enfermeiros, bombeiros, operários – até cantores de ópera!) abandonaram os locais de trabalho e saíram às ruas, ao lado de centenas de milhares de apoiadores, para se opor ao reacionário regime de Macron. Enquanto o governo minimiza a participação, alegando que apenas 600 mil participaram, os protestos foram pelo menos tão grandes quanto os de 5 de dezembro. A federação sindical da Confederação Geral do Trabalho (CGT) afirma que foi ainda maior, citando um número de 1,8 milhão de manifestantes, o que seria a maior mobilização desde 1995.

A Câmara dos Deputados aprovou, em 4 de dezembro, o “Pacote Anticrime”, elaborado por Sérgio Moro. Ao todo, 408 parlamentares votaram “sim” para o projeto, incluindo quase toda a bancada do PT e três deputados do PSOL. Esse posicionamento dos ditos parlamentares de esquerda expôs até onde se pode ir com a adaptação ao sistema, a política errada, a incapacidade de perceber o movimento da luta de classes no mundo e a falta de confiança na classe trabalhadora. Ao votar a favor de um projeto que endurece a máquina repressiva do Estado, esses parlamentares traíram suas bases e os princípios mais elementares do marxismo. A aprovação desse projeto facilitará em todos os sentidos o aumento da

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A greve interprofissional de ontem (10/12) contra a Reforma da Previdência de Macron levou entre 800 mil e 1 milhão de trabalhadores e jovens às ruas da França, de acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT). Embora represente uma queda em relação à mobilização da última terça-feira (que foi possivelmente a maior desde 1995), o comparecimento ainda foi alto, com forte participação dos trabalhadores dos transportes, professores, profissionais de saúde e estudantes.

Com menos de uma semana para as eleições, o Partido Trabalhista (Labour Party) está acelerando sua campanha. Ativistas estão sendo transportados para as periferias, com o objetivo de reforçar os esforços locais de porta em porta. O dinheiro está sendo levantado através das doações da base, para alcançar jovens eleitores em locais-chave. As massas de ativistas do partido estão sendo mobilizadas para encher as ruas nos próximos dias.

O regime do APC [All Progressives Congress, partido político na Nigéria – NDT], liderado por Buhari – que chegou ao poder com o mantra da “mudança” – perdeu uma grande camada de sua base social em menos de cinco anos no governo. O sonho de mudança se transformou em um pesadelo inimaginável para a esmagadora maioria dos nigerianos. Nenhum dos problemas fundamentais herdados dos 16 anos de governo do People’s Democratic Party (PDP) foi resolvido; pelo contrário, estão se exacerbando. O regime apenas os arrastou, tendo sobrevivido até essa data por conta da falta de uma genuína alternativa de massa.

Os últimos dez anos foram de lutas de classes acentuadas por todo o mundo, à medida em que a classe dominante colocou todo o peso da crise econômica sobre os ombros dos trabalhadores, dos pobres e da juventude. O resultado disso tem sido a completa desestabilização da situação política, uma vez que as massas buscam se defender e encontrar um caminho para sair da crise.

A greve geral de 5/12 contra a reforma previdenciária de Macron viu uma “convergência de lutas” de toda a sociedade francesa. Segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT), federação sindical à cabeça da greve, 1,5 milhão de pessoas participaram das manifestações, o que as tornaria o maior movimento desde as batalhas contra o pacote de ataques de Alain Juppé em 1995. O espírito dos gilets jaunes (coletes amarelos) pode ser sentido nas ruas, onde (apesar das limitações de sua liderança) os trabalhadores estão dirigindo sua fúria, não apenas contra a reforma previdenciária, mas também contra o governo como um todo.

Duas semanas se passaram desde a erupção dos protestos em todo o Irã, depois que o regime introduziu um corte sem aviso dos subsídios aos combustíveis. Apesar da luta heroica do povo nas ruas, o movimento foi esmagado pelo regime em cinco dias. Mas isso está longe de ser uma vitória triunfante para um regime que agora está mais fraco do que nunca.

A situação na Colômbia está avançando muito rápido depois da greve nacional do dia 21 de novembro. O que era uma greve de um dia se transformou em um protesto permanente e diário que já dura uma semana. O protesto não parou, apesar do toque de recolher e da militarização decretados na capital Bogotá (e em Cali) pelo governo reacionário de Duque. A morte do jovem Dilan Cruz, que foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo na cabeça pelo ESMAD (o Esquadrão Móvel Antimotim) chocou o país. Em resposta, o Comitê de Greve Nacional decidiu convocar uma nova greve nacional em 27 de novembro e incluir entre suas demandas o desmantelamento do ESMAD.

“Um espectro ronda a Europa”. Com essa famosa frase, os autores de O Manifesto Comunista proclamaram a alvorada de uma nova etapa na história humana. Isso foi em 1848, um ano de levantamentos revolucionários na Europa. Mas, agora, um espectro está rondando não só na Europa, mas no mundo todo. É o espectro da revolução mundial.

Estas linhas foram escritas às 11:30 da noite da sexta-feira (22/11) em Bogotá, sob um toque de recolher que não se via desde 1977. Uma noite silenciosa, poder-se-ia dizer, se considerarmos que podemos ouvir o vizinho tossir do prédio em frente, mas, segundos depois, se ouve o helicóptero que vigia o setor desde a manhã de 21 de novembro, data em que os trabalhadores da Colômbia decidiram parar, desesperados com o “Paquetazo” de medidas anunciado por Iván Duque. Um desespero talvez comparável ao medo que invade ao presidente e ao seu dono: o senador e ex-presidente Álvaro Uribe Vélez.

Um mês se passou desde que começou um movimento insurrecional no Chile. O levantamento das massas colocou nas cordas o governo empresarial de Sebastián Piñera, um dos homens mais ricos do continente. Diante do movimento, ele propôs, sempre tardiamente, concessões mínimas que são apenas uma armadilha para desmobilizar a classe trabalhadora e a juventude. Adicionado a isso, a repressão suscitou episódios gravíssimos de violação aos Direitos Humanos, como torturas e abusos sexuais. Até o dia 18 de novembro, as cifras oficiais contam 23 mortes, mais de 3 mil feridos, entre os quais mais de 200 pessoas tiveram danos oculares, com perda permanente da visão de um dos olhos.

Temos que retroceder na história até os últimos dias de governo de Goni para encontrarmos um antecedente ao massacre de Sacaba em que perderam a vida 9 cocaleiros em enfrentamentos com as forças conjuntas da polícia e das forças armadas. No entanto, as semelhanças com outubro de 2003 terminam com a contagem dos mortos.