França: mobilizar contra Barnier, Macron e Le Pen!

Após sete semanas de atrasos e de uma série de “consultas”, o presidente francês Macron anunciou no dia 05 de setembro a nomeação de Michel Barnier, do tradicional partido de centro-direita Les Républicains (LR), como primeiro-ministro da França. Este ficou em quarto lugar nas eleições legislativas onde a Nova Frente Popular (NFP) de esquerda ganhou a maioria dos assentos.

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Este velho político gaullista, um reacionário comprovado e apoiador declarado de uma “moratória sobre a imigração”, recebeu a missão desesperada de formar um governo que possa resistir até que novas eleições legislativas possam ser convocadas.

A burguesia francesa precisa de um governo que possa colocar o fardo da crise sobre os ombros da classe trabalhadora. Na ausência de uma maioria na Assembleia Nacional, Michel Barnier terá que tentar governar negociando, caso a caso, o apoio ou a abstenção do Rally Nacional (RN) de Le Pen. Com efeito, o destino do governo Barnier está nas mãos do RN.

Assim, a chamada “frente republicana contra o RN”, proclamada pela NFP entre os dois turnos das eleições legislativas, resultou em Macron confiando o cargo de primeiro-ministro a um membro do LR, um partido que se recusou a participar dessa mesma “frente”, e cujo governo dependerá, em última análise, da boa vontade de Marine Le Pen.

O RN também tem se mostrado indiferente sobre a nomeação de Barnier. Na manhã de quinta-feira (05/09), o vice-presidente do grupo parlamentar do RN, Jean-Philippe Tanguy, descreveu o agora primeiro-ministro como um “fóssil” do “Jurassic Park”. No entanto, na tarde do mesmo dia, Marine Le Pen anunciou que seu partido não censuraria automaticamente um governo Barnier, mas esperaria por seu discurso de política geral para decidir sobre sua atitude. Por meio dessa chantagem para derrubar o frágil novo governo, o RN pretende ditar sua política ao novo governo.

No entanto, nem tudo é tão simples. Se o RN quiser um dia ganhar o poder, deve continuar sua demagogia social. Há poucos dias, o deputado do RN Sébastien Chenu declarou: “Proporemos a revogação da reforma da previdência em 31 de outubro” – ou seja, o odiado aumento da idade de aposentadoria que Macron impôs à assembleia no ano passado.

É difícil combinar este projeto com o apoio a um governo liderado por Michel Barnier, um firme defensor da última reforma previdenciária. Em termos gerais, o governo terá a tarefa essencial de implementar medidas de austeridade às quais o RN não poderá se associar abertamente, por medo de manchar suas credenciais “anti-establishment”. Portanto, é provável que o RN acabe censurando o próximo governo – quando considerar que é o momento apropriado.

Qualquer que seja a expectativa de vida do governo Barnier, ele apenas marcará uma nova etapa na crise do regime do capitalismo francês. Aos olhos das massas, a autoridade e a legitimidade das instituições democráticas da classe dominante ficaram fortemente enfraquecidas pela saga parlamentar deste verão. Durante várias semanas, um presidente quase unanimemente odiado fingiu ignorar o resultado de uma eleição, antes de confiar o governo ao representante de um partido que recebeu os votos de apenas 2 milhões de eleitores dos 30 milhões que participaram do primeiro turno, ou seja, apenas 6,5% dos votos.

Para muitos trabalhadores e jovens, esse episódio é uma lição sobre a realidade da democracia burguesa, que é manipulada em favor da classe dominante. Em 30 de agosto, um leitor anônimo entrevistado pelo jornal Le Monde resumiu a questão à sua maneira:

“A reforma da previdência mostrou que nem as manifestações, nem as petições, nem a mobilização dos sindicatos ou de uma grande maioria das associações, nem a opinião da maioria dos cidadãos e até mesmo da maioria dos deputados têm qualquer importância aos olhos das autoridades. E esses eventos mostram que mesmo o ato de votar não significa nada se for contra o que eles decidiram. Parece que a única vez que Macron realmente recuou foi quando o movimento dos coletes amarelos se tornou violento. Macron critica constantemente ‘os extremos’, mas alimenta a ideia de que se não formos violentos nesta sociedade, nossa voz não conta.”

Enquanto a Assembleia Nacional for dominada por dois terços dos partidos burgueses, a única solução para defender as condições de vida dos trabalhadores e dos jovens está na mobilização extraparlamentar. O regime está enfraquecido; o movimento dos trabalhadores deve aproveitar isso e partir para a ofensiva.

O apelo da Fédération CGT de la Chimie (FNIC) por uma greve “radical” e planejada de “longo prazo” é um passo na direção certa, assim como o de La France Insoumise por manifestações contra Macron amanhã (07/09). Esses primeiros passos devem ser seguidos por outros. A única maneira de forçar Barnier, Macron e Le Pen a recuar é mobilizar trabalhadores de tantos setores da economia quanto possível em uma greve massiva e coordenada, que vise acabar com a austeridade e o capitalismo.

Enquanto a classe trabalhadora produz toda a riqueza da sociedade, a política do país é regulada por acordos entre políticos burgueses, que concordam todos com a necessidade de esmagar os trabalhadores e os jovens continuamente, a fim de defender os lucros de uma pequena minoria de exploradores.

Para derrubar esse sistema moribundo, é necessária uma liderança capaz de defender um programa e perspectivas revolucionárias e de se vincular à vanguarda da classe trabalhadora; um verdadeiro partido comunista revolucionário é necessário. Este é precisamente o partido que estamos construindo. Junte-se a nós!

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