Comunistas revolucionários na Europa e no restante do mundo dizem: "Bloquear tudo por Gaza! Por um boicote dos trabalhadores!" Share TweetA interceptação da Flotilha Global Sumud por Israel desencadeou uma explosão de revolta em massa em todo o mundo, particularmente na Europa. Na Itália, isso levou não a uma, mas a duas greves gerais políticas pela Palestina. Isso representa a entrada decisiva em cena da poderosa classe trabalhadora italiana. Também na Espanha, milhões foram às ruas. Muitas centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de centenas de cidades por toda a Europa.Militantes da Internacional Comunista Revolucionária (ICR) intervieram em todos os lugares nos protestos e greves que eclodiram. E, como mostram os relatos abaixo, nossas ideias receberam grande repercussão. Jovens revolucionários em todos os lugares estão aderindo às nossas fileiras.Até o momento, os principais dirigentes do movimento de solidariedade à Palestina desempenharam um papel extremamente recuado, inclusive desanimador, no movimento. Suas táticas não foram além de uma sucessão de marchas de A a B e de boicotes individuais aos produtos israelenses.Fomos os únicos que, desde o início, apontaram que somente a classe trabalhadora tem o poder de realmente ajudar o povo palestino e de aplicar um bloqueio efetivo a Israel.Desde 7 de outubro de 2023, levantamos a necessidade de um boicote dos trabalhadores a Israel, de uma ação direta em massa e da luta dos trabalhadores dos países ocidentais para derrubar nossos governos, que são cúmplices do genocídio.Esses apelos caíram, em sua maioria, nos ouvidos moucos dos líderes oficiais do movimento de solidariedade à Palestina. Eles, em geral, os rejeitaram como "irrealistas". Os líderes sindicais agiram de maneira ainda pior, ignorando completamente a questão da Palestina na maioria dos casos ou limitando-se a aprovar algumas resoluções.Os acontecimentos na Itália e na Europa em geral são uma resposta definitiva aos céticos que zombavam da ideia de uma ação em massa da classe trabalhadora pela Palestina. A poderosa pressão sobre as burocracias sindicais finalmente forçou a liderança da CGIL na Itália a convocar uma greve geral massiva.Da França à Itália e mais além, a palavra de ordem "bloquear tudo" está sendo adotada por camadas crescentes. A ideia de uma ação dos trabalhadores pela Palestina e até mesmo de greves gerais contra governos cúmplices cativou as massas de trabalhadores e jovens em todo o mundo.Mesmo em países como Alemanha, Áustria e Holanda – onde houve campanhas de calúnias estridentes contra o movimento palestino e onde a classe dominante tem uma posição extrema historicamente pró-Israel– dezenas de milhares, até centenas de milhares, estão sendo atraídos para a ação.Como já dissemos inúmeras vezes, há uma fúria crescente contra todo o sistema, e milhões de pessoas estão conectando os pontos: entre o genocídio na Palestina, o militarismo crescente e a austeridade, a pobreza e o desespero em casa.Abaixo, apresentamos alguns dos relatos que recebemos que mostram como os comunistas estão cada vez mais se conectando com esse sentimento.Fechar tudo por Gaza!Bloquear tudo!Por um boicote dos trabalhadores a Israel!ItáliaEntre quinta-feira, 2 de outubro, e sábado, 4 de outubro, centenas de manifestações ocorreram em toda a Itália, envolvendo centenas de milhares de pessoas, após as notícias do ataque israelense à Flotilha Global Sumud. Paralelamente às manifestações, em alguns locais houve bloqueios de ferrovias e rodovias.Às 21h, teve início a greve de 24 horas dos ferroviários, que, ao contrário do dia 22 de setembro, contou com a participação da maioria dos ferroviários. Na sexta-feira, quando a greve e as manifestações foram convocadas, houve pelo menos cem manifestações, todas com grande participação, certamente as maiores dos últimos 50 anos.Estima-se que 2 milhões de pessoas foram às ruas. Mais de 150.000 em Milão, 300.000 em Roma, outras 150.000 em Nápoles e Bolonha, e 100.000 em Florença e Turim. Em cidades grandes e pequenas, as manifestações foram impressionantes. Em muitas delas, grandes grupos se desviaram da rota oficial para ocupar rodovias ou estações ferroviárias.Houve uma presença significativa de jovens, principalmente estudantes. A grande maioria das escolas do país foi às ruas, assim como muitos jovens trabalhadores. Os portos de Gênova, Ravena, Livorno e Nápoles foram bloqueados em diversas ocasiões, independentemente de haver navios transportando mercadorias ou armas para Israel. É difícil estimar quantos trabalhadores participaram da greve, mas certamente foi a maior participação dos últimos anos.Notavelmente, a CGIL e os sindicatos de base convocaram conjuntamente a greve geral. Isso não acontecia há pelo menos 35 anos. A pressão inflexível das massas, que expressavam um forte desejo de unidade, forçou a burocracia da CGIL a mobilizar grandes setores dos trabalhadores. A CGIL havia sido inundada de críticas de seus membros e delegados por não aderir à greve em 22 de setembro.O Partido Comunista Revolucionário (PCR) esteve presente em 40 manifestações, muitas vezes em frente a escolas e locais de trabalho desde o início da manhã, para promover a greve, vender nosso jornal Rivoluzione, e encontrar pessoas interessadas em se juntar ao nosso partido. Em Roma e Milão, camaradas do PCR atraíram seus colegas, especialmente professores, profissionais de saúde e trabalhadores da logística, para nossas colunas da marcha.Em 3 de outubro, camaradas de todo o país organizaram blocos extremamente animados nas marchas. Estes estavam inundados com faixas, bandeiras, megafones, palavras de ordem e canções. Neste dia, estimamos ter vendido cerca de 1.300 exemplares do nosso jornal e encontrado pelo menos 120 pessoas interessadas em se envolver com o partido.No dia seguinte, a primeira manifestação nacional ocorreu em Roma. Esta teve um caráter massivo, em parte devido ao apoio da CGIL, mas principalmente devido à mobilização espontânea de milhares de pessoas. Estima-se que mais de 500.000 pessoas participaram da marcha.Mobilizamos mais de 200 militantes e apoiadores em nosso bloco, que estava vibrando de entusiasmo com o PCR e as bandeiras palestinas – vendemos mais de 150 cópias do Rivoluzione e arrecadamos mais de € 200 para o nosso fundo de luta. Desde 22 de setembro, o PCR conta com mais de 350 novos militantes em potencial, com 40 a 50 deles provavelmente se unindo a curto prazo, todos recrutados nessas mobilizações.A principal palavra de ordem que usamos foi "Parem o genocídio, derrubem Netanyahu e o Estado sionista". Também usamos palavras de ordem contra o governo, contra o rearmamento e em defesa do Estado de bem-estar social, da educação, da saúde e das aposentadorias.Este movimento não mostra sinais de desaceleração. A cada mobilização, ele cresce e atrai milhares de novos jovens e trabalhadores. Estamos totalmente envolvidos nisso, participando de manifestações e trabalhando em escolas, universidades e locais de trabalho.O ânimo entre amplas camadas da sociedade é palpável. Vendemos mais de 8.000 exemplares da edição 120 de Rivoluzione e tivemos que reimprimi-la! Há também grande entusiasmo nas escolas, onde os alunos querem se organizar, e nos locais de trabalho, onde os camaradas nunca acharam tão fácil discutir política com os colegas.BélgicaDesde a partida da Flotilha Sumud na qual estavam alguns belgas, houve manifestações diárias em frente ao Ministério das Relações Exteriores, a fim de "pressionar" o Ministro a exigir a proteção dos belgas na Flotilha. Além disso, houve concentrações diárias no centro de Bruxelas, mobilizando entre algumas centenas a 1.000 participantes.Em outras cidades, houve concentrações semanais em frente às prefeituras ou em praças públicas. Tudo isso aconteceu após a 11ª manifestação nacional do "cartão vermelho", em 7 de setembro, com a presença de 120.000 pessoas.O reconhecimento simbólico (vazio) do Estado palestino pelo governo durante o verão só serviu para aumentar a indignação da população, onde mais de 70% estão a favor de sanções severas contra Israel, e de impulsionar o movimento.Com o apoio dos sindicatos, os carregadores de bagagem do Aeroporto Nacional de Bruxelas resolveram boicotar os voos da Israel Airlines. Seu apelo termina com estas palavras impactantes: "Enquanto o governo chora e lamenta, os trabalhadores agem". Até agora, esta é uma iniciativa isolada, já que os sindicatos geralmente limitam sua ação a petições e à participação em manifestações.Somos a única organização política que reivindica um boicote dos trabalhadores. Esta foi a principal palavra de ordem em nossas faixas durante a manifestação de 7 de setembro, que envolveu 30 membros do partido. Lá, vendemos mais de € 600 em material.Quando a Flotilha foi interceptada, foram convocados vários protestos em todo o país, dos quais participamos, principalmente em Bruxelas, Leuven e Mons. Em Bruxelas, 10 de nós participamos com faixas do RCO/OCR.Na cidade de Leuven, uma nova célula da nossa organização audaciosamente se juntou à marcha com suas faixas e montou uma mesa no início e no final da manifestação. Marchando na frente, vendemos dez exemplares do jornal e conseguimos os contatos de nove pessoas interessadas em se juntar a nós.Em Mons, nossos camaradas participaram de um comício em frente à estação ferroviária. Um deles discursou, explicando nossa perspectiva revolucionária às 200 pessoas presentes. Isso se deve principalmente à autoridade que conquistamos na universidade e à nossa mobilização por uma greve estudantil (apoiada pelos estudantes) que ocorrerá em 23 de outubro. Vendemos 20 exemplares do nosso jornal (ou seja, a 10% dos que compareceram ao comício)!De forma notável, um movimento estudantil em solidariedade à Palestina está começando a tomar forma. Na quinta-feira, uma escola secundária entrou em greve e continuou na sexta-feira. A greve foi seguida por outra escola em Bruxelas. Eles estão ansiosos para expandir a greve para outras escolas. Estamos em contato com alguns dos organizadores desta greve.HolandaEm 5 de outubro, ocorreu a maior manifestação na Holanda desde 2004.Mais de 250.000 pessoas marcharam por Amsterdã (uma cidade com menos de um milhão de habitantes). Como as ruas da cidade não são muito largas, levou mais de uma hora para que todos pudessem sair da Praça dos Museus.Esta enorme manifestação se soma a outras duas em Haia, com 100.000 e 150.000 manifestantes, respectivamente. Foi denominada manifestação da Linha Vermelha, uma vez que uma linha vermelha foi cruzada. Os organizadores são muito moderados: a Oxfam Novib, juntamente com outras ONGs.A sua enorme dimensão demonstra que algo mudou na consciência. Isto é significativo, visto que os Países Baixos são tradicionalmente extremamente pró-Israel na sua política, enquanto a burguesia cinicamente explora os sentimentos de culpa pelos muitos judeus deportados a partir daqui pelos nazis.Sete camaradas com cartazes e bandeiras feitas de cartão juntaram-se à manifestação. As nossas palavras de ordem centraram-se em ligar o movimento à luta de classes, seguindo o exemplo dos trabalhadores italianos, apelando aos principais sindicatos para organizarem greves nos setores portuário e de transportes, etc. A principal central sindical, a FNV, apoiou a marcha, mas deixou claro que greves por Gaza "não são permitidas" e "e são anti-holandesas".O ambiente entre os manifestantes e os camaradas foi ótimo. Foi animador ver que toda a propaganda burguesa de que grandes marchas na Holanda são coisa do passado se provou falsa.EspanhaConforme detalhado em artigo anterior, de 2 a 5 de outubro, estima-se que mais de 2 milhões de pessoas foram às ruas em protestos em toda a Espanha. O maior protesto ocorreu em 4 de outubro, quando mais de 1,3 milhão saíram às ruas de uma só vez. Mais de 60 militantes e apoiadores da Organização Comunista Revolucionária (OCR) participaram do movimento.Estivemos presentes em Madri, Barcelona, Vitória, Málaga, Pamplona, San Sebastián, Palma de Maiorca, Irún e Hendaye (País Basco Francês), Saragoça, Valladolid e Las Palmas de Gran Canaria.O clima era de grande combatividade. Havia um forte clima de fúria contra Israel e, significativamente, contra a UE, Trump e os líderes da direita espanhola. Paralelamente a isso, havia reivindicações dirigidas ao governo de Pedro Sánchez para que cumprisse o que havia prometido: um embargo de armas contra Israel, bem como o rompimento total das relações diplomáticas. Embora menos proeminentes, também houve apelos por uma greve geral entre a multidão mobilizada.Nossa presença mais marcante foi em Barcelona, no dia 4 de outubro, onde nossas palavras de ordem reuniram cerca de 20 simpatizantes em torno do nosso bloco. Despertamos a atenção de um ativista da CGT, organizador da greve geral na Catalunha em 15 de outubro, que nos convidou para a assembleia convocada para organizar a greve.Ao longo dessas mobilizações pela Palestina, entramos em contato com mais de 60 pessoas interessadas em se envolver mais diretamente com nossa organização, mais da metade delas em Barcelona. Outras oito entraram em contato conosco por meio da leitura de nosso material online e, principalmente, pelo podcast Against the Stream.Os motivos apresentados nessas inscrições para se juntar a nós dão uma ideia do clima que existe entre trabalhadores e jovens:"Sinto-me responsável para agir contra o genocídio";"Deter o genocídio da Palestina";"Porque estou ciente do sofrimento da humanidade e de como as relações de poder são o que estruturam esse sofrimento".Já temos mais de 20 reuniões planejadas com alguns desses possíveis membros do partido e esperamos recrutar pelo menos 10 a 15 deles em um futuro muito próximo.Independentemente do que aconteça com o acordo de "paz" proposto para Gaza, provavelmente ainda haverá muita pressão vinda de baixo para que se mantenham os planos do 15 de outubro como dias de greve, ou dias de luta. Continuaremos a nos mobilizar para manter o dia 15 de outubro como dia de luta e para estender essas reivindicações contra o militarismo e a guerra às reivindicações de classe por moradia, salários e assim por diante.IrlandaNo dia seguinte ao ataque da Flotilha pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), milhares de pessoas se juntaram a manifestações em todas as principais cidades da Irlanda. Nos juntamos às manifestações em quatro cidades diferentes. Em Dublin, algumas centenas de pessoas bloquearam a entrada do porto por algumas horas.A principal manifestação nacional ocorreu no sábado, 4 de outubro, em Dublin, e foi a maior em muito tempo, se não desde 7 de outubro de 2023. O público foi estimado em mais de 10.000 pessoas, com alguns relatos sugerindo até 25.000.Mobilizamos 20 camaradas para a manifestação de Dublin, que foi a nossa maior presença em uma manifestação até agora! Durante a manifestação, um grupo composto principalmente por estudantes tentou liderar a manifestação em direção a outra ocupação do túnel do porto. No entanto, eles foram isolados pelos sindicatos – que se opõem à escalada do movimento – e foram reprimidos à força pela polícia.O clima no protesto era eletrizante. O movimento palestino na Irlanda tem sido muito consistente há dois anos, mas este foi diferente. Sempre que a Itália era mencionada, a resposta dos jovens era de entusiasmo pelo que está acontecendo lá e como precisamos fazer o mesmo. Discussões sobre o poder dos trabalhadores, boicotes dos trabalhadores e demandas por "lockdown" foram bem recebidas.Um grupo de esquerda com alguma influência eleitoral está organizando uma greve na hora do almoço, no final de outubro. Dado o clima atual, essa iniciativa tem potencial para ganhar força. Continuaremos monitorando a situação e intervindo conforme ela se desenvolve.No total, vendemos 60 exemplares do nosso jornal e conhecemos 30 pessoas que desejam se juntar à nossa organização. Nossa prioridade agora é trabalhar para recrutá-las.CanadáEm 4 de outubro, os principais grupos palestinos no Canadá realizaram manifestações para lembrar os dois anos do início do genocídio. Intervimos com força, esperando que isso pudesse marcar uma revitalização do movimento, que estava em declínio há vários meses.Nosso principal argumento foi que o movimento trabalhista canadense precisa tomar medidas concretas para construir um movimento como o que estamos vendo na Itália. Intervimos com as seguintes palavras de ordem: Só a classe trabalhadora pode acabar com o genocídio!Boicote dos trabalhadores a Israel! Decreto de carga quente já!Lute como um italiano! Bloquear tudo!Não aos gastos militares de Carney! Não à austeridade de Carney!Abaixo os senhores da guerra! Abaixo os criminosos de guerra!Fechar os campi universitários pela Palestina!Em Toronto, a principal manifestação foi relativamente pequena para a cidade, com cerca de 2.000 a 3.000 pessoas. Esse número é menor do que o das manifestações em seu auge, que somaram mais de dezenas de milhares, mas maior do que as manifestações recentes, que frequentemente ficaram abaixo de 1.000.45 camaradas compareceram, vendendo pelo menos 80 exemplares do nosso jornal e obtendo os contatos de mais de 22 pessoas que desejam saber mais sobre como se filiar ao nosso partido.A maioria dos presentes na manifestação já tinha ouvido falar sobre os acontecimentos no movimento operário europeu, embora muitos não tenham compreendido imediatamente sua importância. Em sua maioria, a liderança local da solidariedade à Palestina ignorou os acontecimentos na Itália.A greve geral foi mencionada pelos organizadores do protesto, mas de forma superficial. Foi apresentada apenas como mais uma tática de pressão contra o nosso governo, mas não foi destacada como um acontecimento significativo. Nossa reivindicação por decretos de "carga quente" a serem adotados pelo Conselho Trabalhista Canadense teve amplo apoio daqueles com quem conversamos.Em Montreal, milhares de pessoas foram às ruas. Esta foi a maior manifestação pró-palestina em Quebec em meses. Mais de 25 camaradas e uma dúzia de simpatizantes formaram nosso bloco. Vendemos mais de 40 exemplares do nosso jornal mais recente, e outras literaturas.Nossa reivindicação de trazer o movimento europeu para o Canadá – com reivindicações concretas aos movimentos estudantil e trabalhista – foi muito bem recebida. Os camaradas puderam sentir o desejo palpável dos jovens e trabalhadores de intensificar o movimento e de se inspirar na classe trabalhadora italiana.Em claro contraste, os líderes sindicais e outros ativistas discursaram no protesto como se nada de novo tivesse acontecido no movimento na semana passada. Foi como se tivessem copiado e colado o discurso de aniversário de um ano do movimento, no ano passado.Curiosamente, em determinado momento dos discursos, o microfone foi cortado por motivos técnicos. No silêncio, alguns camaradas começaram a cantar "Bloquons tout!". Para nossa surpresa, as pessoas nos acompanharam e cantaram com energia.ÁustriaNo início deste outono, em 20 de setembro, a Áustria realizou a maior manifestação pró-palestina de sua história, com mais de 20.000 pessoas nas ruas. O RKP tinha um bloco de mais de 100 pessoas, e vendemos 228 exemplares do nosso jornal. As mobilizações em massa no resto da Europa serviram para reforçar esse sentimento, especialmente entre os jovens.Na noite em que a Flotilha foi interceptada, houve uma série de protestos espontâneos por todo o país. Na noite de 2 de outubro, 5.000 pessoas se reuniram em Viena, além de uma série de protestos menores em Graz e Linz.Em Viena, o protesto foi extremamente animado e jovem, com muitos alunos e estudantes; muito mais do que em manifestações anteriores por Gaza. Cresceu bastante durante a marcha e foi muito aberto a palavras de ordem radicais. Tínhamos um bloco de cerca de 50 camaradas, vendemos cerca de 47 exemplares do nosso jornal e um dos nossos membros discursou na plataforma, apresentando uma perspectiva comunista revolucionária.Em 27 de setembro, em Vorarlberg, organizamos uma manifestação em apoio à Flotilha, quando compareceram cerca de 250 pessoas. Organizamos uma coletiva de imprensa com o movimento palestino local; dois dos nossos camaradas discursaram, um em nome do RKP e outro em nome de um dos participantes da Flotilha. Isso foi amplamente noticiado pelos grandes meios de comunicação.Em Innsbruch, na região do Tirol, houve uma manifestação pró-palestina em 3 de outubro, na qual compareceram 1.000 pessoas. Nossos camaradas formaram um bloco animado e discursaram no palanque, vendendo 28 jornais e coletando os contatos de cinco pessoas.As principais manifestações, planejadas há mais tempo e, portanto, provavelmente maiores, ocorrerão no próximo sábado, 11 de outubro, em Viena, Graz e Vorarlberg.BulgáriaNa Bulgária, houve um eco significativo do ambiente em toda a Europa e no mundo. Em 5 de outubro, houve uma manifestação pró-palestina na capital, Sófia, com cerca de 3.000 pessoas. Quatro camaradas e dois simpatizantes compareceram. Comparado ao último protesto pró-palestina no verão, este foi cinco vezes maior. A multidão era relativamente jovem e mais radicalizada do que antes.No próprio protesto, conhecemos alguém que se interessou em se juntar a nós. Fomos todos juntos tomar uma refeição depois da manifestação para discutir política. Depois do almoço, fomos ao campus da universidade para distribuir materiais, como panfletos sobre Israel e Palestina, bem como sobre "o que os comunistas na Bulgária devem fazer".Fomos recebidos positivamente, com várias pessoas se aproximando diretamente de nós para ouvir o que tínhamos a dizer. Em alguns casos, os transeuntes queriam pegar nossos panfletos e distribuí-los eles mesmos, devido às palavras de ordem e ao design serem tão marcantes.DinamarcaNo último período, não houve grandes manifestações na Dinamarca, mas isso não significa que o movimento esteja morto. No final de agosto, ocorreu a maior manifestação até o momento, com mais de 50.000 participantes.Na quinta-feira, 2 de outubro, uma manifestação de emergência foi convocada devido ao ataque à Flotilha. Cerca de 400 a 500 pessoas compareceram, e cerca de dez camaradas do RKP também. Os organizadores planejaram que fosse uma deprimente manifestação de luto.Trouxemos cartazes com as seguintes palavras de ordem: "Parar por Gaza! Precisamos de uma intifada!" e "A Itália mostra o caminho! A ação direta das massas funciona!". Elas foram muito bem recebidas e várias pessoas se aproximaram de nós para perguntar se poderiam portar um cartaz. Quando terminou, gritos de guerra espontâneos começaram, e os cantamos junto em nosso megafone.A multidão cercou nosso camarada com o megafone, que percebeu que ele deveria discursar. Ele o fez com grande energia, expressando a indignação dos participantes. Todos na multidão (exceto os organizadores) reagiram com entusiasmo. Vendemos cinco jornais e quatro pessoas nos deram seus contatos.No sábado, 4 de outubro, houve outra manifestação. Apesar do mau tempo, algumas milhares de pessoas compareceram, incluindo 35 camaradas do RKP. A venda de jornais foi limitada devido à enorme força da chuva. Apesar disso, aproveitamos a oportunidade para discutir a questão da Palestina com os manifestantes. Nesse momento, conhecemos seis pessoas que desejam se juntar ao RKP.Cartazes com as palavras de ordem "Fechar tudo por Gaza! Precisamos de uma intifada" e "A Itália mostra o caminho! A ação direta das massas funciona!" repercutiram bem entre a camada mais avançada das manifestações. As pessoas se aproximaram dos camaradas para conversar e tirar fotos. A mesma recepção positiva se aplica aos cânticos que os camaradas fizeram conectando as manifestações e greves em massa na Itália com o movimento de solidariedade na Dinamarca.O clima em geral parece estar avançando em uma direção mais radical, e a palavra de ordem "Uma solução. Intifada, revolução”, que inicialmente trouxemos para o movimento, agora é habitual.FinlândiaNa quinta-feira, 2 de outubro, uma manifestação foi realizada nas escadarias do Parlamento Finlandês em protesto contra a violenta repressão israelense à Flotilha Sumud. O protesto foi convocado pelas maiores organizações do movimento palestino na Finlândia menos de um dia antes, o que torna a presença de cerca de 2.000 pessoas na manifestação bastante impressionante, especialmente para os padrões finlandeses.Os discursos nas escadarias, juntamente com os cânticos "oficiais", foram moderados e liberais, assim como os grupos que organizaram o protesto. Cânticos como "o governo tem que assumir a responsabilidade" foram iniciados diversas vezes pelos oradores. Um dos oradores chegou a apelar aos sentimentos de humanidade de Jussi Halla-Aho, um proeminente político populista de direita e presidente do parlamento, que foi defendido por uma fileira de policiais.Após a parte "oficial" do protesto, os indivíduos mais radicais se reuniram no topo das escadas do parlamento, perto da polícia e de Halla-Aho. A multidão começou a entoar cânticos bem mais radicais, como "Abaixo o governo!", "Vá à merda, Genocida!" e "Nazista!", entre outros.Os organizadores ficaram visivelmente assustados com a perspectiva de perder o controle até mesmo do pequeno grupo de manifestantes radicais que restava naquele momento. A multidão acabou sendo dispersada pela polícia, com a ajuda dos organizadores, que gritaram para a multidão "vão embora".PortugalOs protestos contra a Flotilha em Portugal podem não ter mobilizado tantas pessoas quanto na Itália ou Espanha, mas representam, ainda assim, um importante ponto de inflexão. Durante dois anos, o país testemunhou inúmeras manifestações pró-palestinas, algumas delas de grande porte. No entanto, sob o firme controle das principais organizações reformistas, estas se transformaram em um desfile rotineiro. Isso mudou na semana passada.Cerca de 5.000 pessoas se reuniram na embaixada israelense em Lisboa na quinta-feira. O clima era eletrizante. Os líderes fizeram seus habituais discursos pacifistas para uma multidão impaciente. Quando a manifestação terminou, um grande grupo (talvez 1.500 pessoas), composto principalmente por jovens, começou a marchar em direção ao centro da cidade, bloqueando as principais vias da cidade. A polícia não interveio.De forma impressionante, os manifestantes marcharam pelas ruas de pedestres da Baixa, a antiga orla marítima – uma área bastante turística. Grandes multidões de turistas, trabalhadores e transeuntes começaram a aplaudir o protesto, às vezes se juntando a eles. Garçons saíram de seus restaurantes para saudar os manifestantes. Um alfaiate chegou a improvisar uma faixa com a inscrição "Palestina Livre". Isso elevou o ânimo do protesto, mostrando que, mesmo sendo relativamente pequeno, o protesto contava com amplo apoio.No sábado, vimos cenas semelhantes, mas desta vez com cerca de 7.000 pessoas marchando pelas ruas centrais. Os organizadores queriam encerrar a marcha com o comício de rotina habitual, mas todos entenderam que aquele era apenas o começo do verdadeiro protesto. Após os discursos monótonos, a maior parte da multidão continuou marchando e ocupou a estação do Rossio, a principal estação ferroviária do centro de Lisboa.Todos consideraram a ocupação uma grande vitória para o movimento. A ideia de "bloquear tudo" espalhou-se claramente para Portugal.Nós, do Coletivo Comunista Revolucionário (CCR), estivemos diretamente envolvidos em ambos os dias. Fomos o maior e mais bem organizado grupo em ambas as ocasiões e tínhamos as palavras de ordem mais claras. Carregamos duas grandes faixas: "Paz entre os povos, guerra entre as classes" e "Greve geral, intifada mundial", bem como cartazes menores com os dizeres "bloquear tudo".Uma dúzia de camaradas interveio em ambas as ocasiões, e conseguimos reunir multidões maiores ao nosso redor, incluindo simpatizantes, formando grandes blocos. Nosso megafone foi crucial, pois nos permitiu estar sempre atentos. Apresentamos slogans como: "Greve geral, vamos bloquear Portugal", "Greves na Itália – e Portugal?", "Greve geral, vamos bloquear o capital", "De Lisboa a Rafah, intifada mundial", e outros. Essas palavras de ordem realmente contagiaram a multidão, particularmente no final do protesto, quando o clima ficou mais quente.SuíçaNa quinta-feira, 2 de outubro, entre 12.000 e 15.000 pessoas participaram de manifestações espontâneas em toda a Suíça em relação à Flotilha, um evento completamente inédito no país. Nas últimas duas décadas, tais manifestações geralmente reuniam apenas algumas centenas de pessoas.Uma semana antes, em 27 de setembro, manifestações de 10.000 pessoas cada ocorreram em Genebra e Zurique. Essas foram as maiores manifestações locais em apoio à Palestina nos últimos dois anos. Uma manifestação nacional acontecerá no próximo sábado, 11 de outubro. Esperamos uma grande participação e estamos planejando um grande bloco nacional.Notavelmente, muitos dos presentes nessas manifestações nunca haviam participado de um protesto antes, dizendo: "Não aguentava mais". Entre eles, há muitos trabalhadores de meia-idade e idosos. O movimento está indo além da juventude.A atual liderança do movimento, em grande parte pacifista e reformista, pouco fez para explorar o profundo clima de indignação na sociedade. Nossas análises e posições são, portanto, recebidas com muita atenção. É importante ressaltar também que a indignação e a radicalização não se limitam à questão Palestina. As conversas geralmente se estendem a temas como condições de vida, medidas de austeridade, o caráter do governo, o imperialismo e a crise do sistema como um todo.Até o momento, contactamos 26 pessoas seriamente interessadas em se juntar a nós nessas manifestações. Além disso, nas duas primeiras semanas de conversas com estudantes universitários, obtivemos mais 70 contatos. 14 pessoas já se juntaram oficialmente ao nosso partido nas últimas semanas.PolôniaPor muito tempo, o movimento pró-palestina na Polônia foi contido por sua liderança pequeno-burguesa. Estes giram em torno de algumas celebridades ativistas e um círculo cada vez menor de apoiadores.Manifestações de solidariedade à Flotilha foram planejadas com antecedência e lançadas como um dia nacional de ação após sua interceptação. Participamos dos protestos em Poznan, Breslávia, Cracóvia, Katowice, Rzeszow e Torun. O comparecimento variou, com algumas pessoas em cidades menores e mais de 800 em Breslávia. Estimamos ter vendido cerca de 30 a 40 exemplares do nosso jornal e conhecido algumas pessoas interessadas em se envolver mais.Embora os organizadores – que tentaram persuadir os manifestantes a irem para casa e enviarem e-mails aos políticos, e se recusaram a mencionar os grandes eventos que aconteciam em outras partes da Europa – tenham tentado nos impedir de falar, isso não impediu que nossas palavras de ordem anticapitalistas fossem facilmente absorvidas pela multidão. Claramente, não somos os únicos cansados daquela bobagem.Planejamos nos reagrupar e lançar uma ofensiva, vinculando a questão das greves ao nosso trabalho nas universidades. Haverá muitas outras oportunidades para conectarmos nossas ideias revolucionárias a esse clima no futuro. Especialmente porque os reformistas estão tentando se infiltrar no movimento enquanto ainda apoiam o imperialismo ocidental em relação à Ucrânia. Isso significa apoiar o rearmamento, muito do qual depende da tecnologia e das cadeias de produção israelenses. Vamos expor essa hipocrisia.Atualmente, não há uma mobilização em massa na Polônia, mas o potencial existe e pode explodir inesperadamente, especialmente com o retorno dos estudantes às cidades.