Brasil: o “não voto” lidera as pesquisas eleitorais

Os analistas burgueses estão assustados. A última pesquisa do IBOPE (realizada de 21 a 24 de junho) mostrou que o número de brasileiros que pretende votar em branco ou nulo é de 31%. Além disso, 28% recusaram-se a responder ou não sabem. O resultado é que 59% não tem candidato a presidente para as próximas eleições.

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Para completar o quadro, dos que pretendem votar, 22% pretendem fazê-lo num preso político, Lula. Dos candidatos da burguesia, somente Bolsonaro tem 11% de intenções de voto. Todos os outros oscilam entre 1% e 2%, abaixo da taxa de erro da pesquisa.

Caso seja apresentado uma lista de candidatos, e Lula esteja na lista, Lula fica com 33% dos votos e o número de votos brancos, nulos, não sabe, não respondeu cai para 30%. Caso Lula não esteja nesta lista, ai temos 41% que não tem candidato.

Mas a burguesia sente medo, porque nas ultimas eleições suplementares que houve, 50% se absteve, votou nulo ou votou em branco.

A crise do regime atinge o sistema eleitoral, assim como é colocada a nu em todos os setores. A própria credibilidade do judiciário cai com as disputas intestinas entre os Ministros do Supremo. O Congresso e o Executivo então, respiram com a ajuda de aparelhos. Afinal, existe alguma saída nesta situação?

Emprego, Previdência e economia

Os analistas burgueses continuam batendo na tecla que é preciso reformar a previdência. Que isto é um problema brasileiro. Coincidência, no país da Copa (Rússia) é feita uma reforma que procura aumentar a idade da aposentadoria dos homens de 60 para 65 anos e das mulheres de 55 para 62 anos. Exatamente a mesma reforma proposta aqui. Putin e Temer conversaram? Ou, o que é mais crível, os estudos do Banco Mundial mandaram estabelecer esta idade em todos os países que ainda estão abaixo deste limite no mundo? A verdade é que a burguesia está pouco interessada nos cálculos atuariais.

A burguesia quer o sangue dos trabalhadores enquanto eles aguentarem para trabalhar para produzir mais mais-valia e depois disso, que morram logo, como disse ministro de Finanças do Japão, Taro Aso em 2013: “Isso não vai ser resolvido, a menos que você permita que eles se apressem e morram”

E o desemprego? A reforma trabalhista, segundo eles, diminuiria o desemprego formal. Mas o desemprego aumentou, o rendimento dos trabalhadores baixa e agora a “inflação” é baixa, só aumentam os preços dos alimentos. E do ônibus. E dos remédios. A raiva surda continua a grassar, como grama que uma vez plantada deita raízes e não vai sair tão fácil.

O medo da burguesia é concreto. Após meses de ataques a Obrador (candidato vencedor no México), Trump é o primeiro a telefonar para dar parabéns pela sua vitória e The Economist saúda os ventos de mudança. Todos eles se esforçam, agora, para evitar que a mobilização na base ultrapasse os limites do programa de Obrador.

O que propõe os candidatos burgueses?

A burguesia evita apresentar planos concretos. Porque o único plano que tem é a “ponte para o futuro”, plano de Temer de aumentar a exploração e a miséria que ele implementou parcialmente. Os arroubos sobre segurança e armamento não irão muito adiante. O que importa é como aumentar a exploração dos trabalhadores.

A única diferenciação existente entre os “nacionalistas” (Ciro, Lula) e os de “centro” e da “direita” é a velocidade do ataque aos trabalhadores. Alckmin deixa isto claro ao defender o armamento dos proprietários fundiários e a realização de uma reforma da previdência nos seis primeiros meses de seu governo.

O PT iniciou a reforma da previdência com Dilma e Ciro declara que isto é discussão para depois. Depois das eleições, evidentemente. E, de dentro da cadeia, Lula orienta o PT a não atacar Ciro, vislumbrando uma saída que seja votar Ciro caso continue na cadeia. É esta expectativa que faz Ciro declarar que está ao lado dos trabalhadores em uma reunião de empresários. E, para alegria deste, uma pequena parcela dos burgueses que não entende de política o vaiou, abrindo espaço para uma boa propaganda.

E o PSOL?

Boulos, o candidato do PSOL, tenta desaparecer. O PSOL continua a ir as reuniões da “frente de esquerda”, que reúne dois partidos burgueses (PDT de Ciro, PSB do atual governador de São Paulo, Marcio França, que foi vice de Alckmin), o PCdoB e o PT. Ou seja, um campo que reúne trabalhadores e empresários. Como consequência, o PSOL que poderia crescer, desaparece nas pesquisas eleitorais.

Os trabalhadores e jovens olham desconfiados frente a tudo isso e não enxergam uma saída, por isto o número enorme dos que pretendem, qualquer que seja a forma da pesquisa, votar em branco e nulo.

A Esquerda Marxista apresenta seus candidatos a postos legislativos para discutir uma saída contra o sistema, pela revolução socialista, aonde for possível. A alternativa para o futuro será construída pelos próprios trabalhadores em seu próprio movimento. O aumento da exploração levará inevitavelmente a nova onda de greves e manifestações. É para estes novos e melhores tempos, tempos de luta e revolução, que convidamos os jovens e trabalhadores a discutirem conosco e integrarem nossos quadros.

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